O presente trabalho discorre acerca do fenômeno pedagógico da participação social no Orçamento Participativo de Fortaleza. Por pedagógico compreende-se o processo de aprendizagem do indivíduo cidadão na construção de espaços de participação e construção coletiva. Portanto, o objetivo deste estudo não compreende aprendizagens individuais, mas indivíduos constituindo formas de existir coletivamente, o que subtende a criação de um imaginário sócio-político de sujeitos individuais e coletivos dotados de capacidades de deliberação e responsabilidade. O Orçamento Participativo advém de uma perspectiva democrático-participativa, fundamentada em uma concepção de democracia cujos princípios da deliberação popular, controle social e autonomia ancoram-se no empoderamento popular. Esse viés contou com as contribuições teórico-conceituais de Castoriadis e Paulo Freire principalmente no tocante a definição de subcategorias analíticas tais como: eidos coletivo, saber dialógico, domínio público do saber. Trata-se de uma pesquisa de campo, com a técnica do estudo de caso, delimitada aos quatro (2005-2008) primeiros anos da gestão municipal do partido dos trabalhadores-PT, que corresponde ao período da concepção a sua implantação na cidade. Vale ressaltar que a pesquisa investiga a primeira experiência de OP na cidade. Os procedimentos técnico-metodológicos utilizados foram: observação sistemática, entrevista, gravações de falas em eventos do OP e análise documental. Os resultados da pesquisa apontaram, no OP de Fortaleza, uma instituição capaz de estabelecer zonas de tensões com um imaginário sócio-político já instituído, mas estas tensões não romperam com as formas tradicionais de fazer política (territorialidade, tempo administrativo, saber epistêmico, etc.), dificultando a criação de uma forma de existir coletivamente. Entretanto, aponta o surgimento de fenômenos participativos referentes a criação de um domínio público do saber e a constituição de um saber dialógico entre diferentes cidadãos e segmentos sociais.