O presente trabalho é fruto das atividades de pesquisa desenvolvidas no âmbito do Núcleo de Estudos sobre Trabalho e Educação (NETEC) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que se estruturam a partir do conceito marxiano de trabalho — uma ação humana que expressa a atividade vital na criação de bens materiais e simbólicas vinculados à nossa existência social, política, econômica e cultural (SAVIANI, 2012).
Nesse sentido, os temas de pesquisa vinculados ao NETEC, por ângulos diferentes, relacionam a formação humana e a produção da existência com as práticas educativas no âmbito institucional e/ou nas organizações da sociedade civil. Em pesquisa recente sobre as implicações do capitalismo atual para a formação de professores, subsídios teóricos e políticos que a orientam nesse modelo societal foram levantados.
Através dessa lente, tem-se por objetivo discutir sobre o surgimento e a atual configuração do Estado capitalista brasileiro estabelecendo relações com a educação pública brasileira e conseqüentemente a formação de professores.
Além da introdução e da conclusão, o presente estudo será composto em um primeiro momento com a discussão sobre a forma assumida pelo Estado capitalista atual; e em seguida, analisaremos em que medida os pressupostos desse Estado atravessa o trabalho, a formação de professores, corroborando com a ideia de Oliveira de que a educação (2008) é peça fundamental para a efetivação da produção capitalista, ocupando um lugar privilegiado, sendo um importante espaço de formação intelectual e moral de futuras gerações de trabalhadores. Para tanto, é necessário que o trabalho do professor seja adequado, enquadrado, as novas demandas do capital produtivo, sendo então capaz de alcançar o sucesso.
A perspectiva teórico-metodológica a ser utilizada é o materialismo histórico dialético, por acreditar que esta forma de compreensão da realidade é a mais completa e orgânica, permitindo ao pesquisador superar as formas de compreensão aparente da realidade, ou seja, o mundo da pseudocreticidade, tendo em vista a essência da mesma, devendo a prática social ser compreendida em sua totalidade (KOSIK, 1976).
Por fim, destaca-se que o processo investigativo deve possuir uma relevância social, bem como estar imbricado a uma perspectiva crítica de sociedade (SOUZA, 2007). Acredita-se que este estudo, funcionará como instrumento de poder, tendo a potencialidade de auxiliar na luta de classes e desvelar as contradições existentes na estrutura social vigente.