AO LONGO DA NARRATIVA, O SUJEITO DA ENUNCIAÇÃO DISSEMINA TEMAS E OS FIGURATIVIZA, O QUE ASSEGURA A COERÊNCIA SEMÂNTICA DO DISCURSO E CRIA EFEITOS DE SENTIDO DE REALIDADE. AO FORMULAR VALORES DE MANEIRA ABSTRATA E ORGANIZÁ-LOS EM PERCURSOS, ESTE SUJEITO TEMATIZA O DISCURSO, OU SEJA, A RECORRÊNCIA DE TRAÇOS SEMÂNTICOS OU SEMAS, CONCEBIDOS ABSTRATAMENTE, CONSTITUEM OS PERCURSOS TEMÁTICOS ABSTRATOS QUE, POR SUA VEZ, PODEM SER RECOBERTOS POR FIGURAS DO CONTEÚDO QUE LHES ATRIBUEM TRAÇOS DE REVESTIMENTO SENSORIAL. EM SEMIÓTICA DISCURSIVA, A REITERAÇÃO, A REDUNDÂNCIA, A REPETIÇÃO, A RECORRÊNCIA DESSES TRAÇOS SEMÂNTICOS AO LONGO DO DISCURSO, RECEBE O NOME DE ISOTOPIA. BASEADOS EM GREIMAS & COURTÉS (2008); GREIMAS (1973); BERTRAND (2003); FIORIN (2005); BARROS (1990, 2001), ENTRE OUTROS, PRETENDEMOS, POR MEIO DE UM EXEMPLAR DE PARÁBOLA ESCRITO EM LÍNGUA ESPANHOLA, IDENTIFICAR/ANALISAR OS PROCEDIMENTOS LINGUÍSTICOS QUE CONTRIBUEM PARA A CONSTRUÇÃO DAS ISOTOPIAS DIVERSAS, IDENTIFICAR/CONSTRUIR O SENTIDO ALEGÓRICO, OU SEJA, COMO A “MORAL DA HISTÓRIA” É CONSTRUÍDA E, FINALMENTE, IDENTIFICAR QUAIS SÃO OS MECANISMOS DISCURSIVOS QUE INFLUENCIAM NA CONSTRUÇÃO DESTA OUTRA ISOTOPIA, OU MELHOR, COMO AS CADEIAS ISOTÓPICAS CONTRIBUEM PARA A IDENTIFICAÇÃO/CONSTRUÇÃO DA MENSAGEM AXIOLÓGICA. NO EXEMPLAR EM ANÁLISE, O TEXTO PODE SER LIDO A PARTIR DE DOIS PLANOS ISOTÓPICOS: (1) UMA ISOTOPIA TEMÁTICA JURÍDICA; E (2) UMA ISOTOPIA TEMÁTICA DO ENCONTRO DE SOLUÇÕES. A ISOTOPIA POSITIVA, ESPECÍFICA, LITERAL (1), DA HISTORIAZINHA NARRADA TERÁ SEMPRE UMA ISOTOPIA CORRELATA, NEGATIVA, GERAL, NESTE CASO METAFÓRICA, QUE SE APLICA EM NOSSAS VIDAS, NO MUNDO REAL. OBSERVAMOS QUE O LEXEMA ESCAPAR (LIN. 6) É O CONECTOR DESTAS ISOTOPIAS, QUE CONECTA NÃO SOMENTE A ISOTOPIA DO ESCAPE ESPECÍFICO DO TEXTO, DO HOMEM INJUSTAMENTE ACUSADO DE ASSASSINATO, MAS TAMBÉM, DE UMA ISOTOPIA DO ESCAPE GERAL QUE PODE SER APLICADO ÀS MAIS DIVERSAS SITUAÇÕES DE NOSSA EXISTÊNCIA. ASSIM, HÁ UM ESCAPE LITERAL NARRADO NO TEXTO (O HOMEM INJUSTAMENTE ACUSADO DE ASSASSINATO ESCAPOU DA FORCA) QUE ILUSTRA (PODE SER ESTENDIDO COMO) UM ESCAPE DE DIFÍCEIS SITUAÇÕES DE NOSSA EXISTÊNCIA, OU SEJA, ASSIM COMO O PERSONAGEM DO TEXTO CONSEGUIU ESCAPAR DE UMA SITUAÇÃO NA QUAL NÃO PARECIA HAVER SAÍDA, NÓS, NESTA EXISTÊNCIA, PODEMOS ENCONTRAR SAÍDA(S) DE SITUAÇÕES NAS QUAIS PARECEM NÃO HAVER, E, MUITAS VEZES A SAÍDA DEPENDE DA RUPTURA DE CONTRATOS MAL ESTABELECIDOS EM NOSSA EXISTÊNCIA. DESTE MODO, CONCLUÍMOS QUE O RECONHECIMENTO DO(S) CONECTOR(ES) DE ISOTOPIA POR PARTE DO LEITOR É CONDIÇÃO SINE QUA NON PARA A CONSTRUÇÃO DA SEGUNDA ISOTOPIA (E, POR TANTO, DO SENTIDO ALEGÓRICO). UMA VEZ RECONHECIDO O CONECTOR DE ISOTOPIAS, PODE-SE RELER O TEXTO A PARTIR DE UMA SEGUNDA ISOTOPIA, O QUE FARÁ QUE OS TEMAS E FIGURAS SE REESTABELEÇAM.