Muito se tem se falado do ensino de Língua Portuguesa no contexto escolar. As propostas mais recentes postulam que o que deve ser trabalho em sala de aula são os fatores ligados às práticas de linguagem. Mas ensino de gramática, em nossas escolas, tem seguido primordialmente uma abordagem tradicional, visto que privilegia uma visão prescritiva, isto é, apegada às regras de gramática normativa. Uma explicação para essa postura perante o ensino de língua materna deve-se a fatores não estritamente linguísticos, tais como: purismo, classe social de prestígio (econômico, cultural e político), autoridade (gramáticos, bons escritores), lógica e história (tradição). A guisa de exemplo, grande parte do tempo das aulas de língua portuguesa é gasto: na inculcação de que para falar e escrever bem deve-se utilizar apenas a variedade culta (norma padrão), assim como, na identificação e classificação de nomenclaturas (ensino metalinguístico). Portanto a maioria dos professores, tanto ensino fundamental, quanto do ensino médio tem uma grande dificuldade no que diz respeito às concepções de linguagem e ao ensino de gramatical que deve ser adotado no contexto escolar. Conforme Perini (1995), o ensino normativo não é um mal em si, mas tem sido aplicado de maneira prejudicial aos alunos. De acordo com o que postulam os PCNs, o ensino precisa está voltado para um processo de interação humana, pois aprender português ultrapassa normas, funções, nomenclaturas, regras, estruturas modulares como designa Perfeito e Cecílio (2005). Acreditamos que, no exercício de sua prática docente, o professor de língua portuguesa tem de propor atividades de gramática de uso. Para Cardoso (1999), o ensino precisa está para o desenvolvimento da capacidade comunicativa do aluno levando o mesmo a ser destaque, ator principal da sua capacidade discursiva, pois o diálogo entre professor aluno é fundamental para que o docente saiba aproveitar os conhecimentos extralinguísticos que seus alunos trazem para sala de aula (Haydt, 1995), ou seja, o processo comunicativo se dá a partir do momento que a decodificação é feita em um contexto concreto, em sua significação particular (BAKHTIN, 1996). Assim sendo, a educação linguística respeita o saber linguístico prévio do usuário da língua, mas não lhe furta o direito de ampliar, aprimorar e variar esse patrimônio linguístico inicial. Em outras palavras, a língua dita legítima característica da classe dominante não é considerada nem melhor nem pior que a língua tida como legitimada da classe popular, ambas constituem variações linguísticas válidas. Desta forma, atender as necessidades individuais dos alunos é estar atento a capacidade de cada indivíduo em sala de aula (PCNs, 2001). Assim, as considerações da abordagem tradicional acerca do ensino de língua portuguesa pressupõem a existência de uma língua padrão culta, a qual deve ser ensinada de maneira crítico-reflexiva. A figura do professor é essencial. Sob hipótese alguma, ele poderá esconder-se atrás dos livros didáticos, expondo repetidamente regras e definições isentas de quaisquer análise e reflexão crítica Dessa maneira, cabe ao docente dialogar com os alunos na língua e sobre a língua, interagindo social e linguisticamente, pois ele é o agente responsável pela aprendizagem.