O presente trabalho abordou às relações étnico-raciais, entre literatura brasileira e processos identitários, delimitado aqui, a constituição da identidade da mulher negra (Bertoleza e Rita Baiana) na obra O Cortiço. Desde o séc. XIX que se inicia uma busca pela identidade nacional, sobretudo na literatura, e o índio aparece como o representante dessa identidade. O negro não faz parte desse projeto de identidade nacional romântica, descartando-o assim, como tema literário. Essa é a visão que é apresentada geralmente nas séries do ensino médio. Por esse motivo é que escolhemos O cortiço de Aluísio Azevedo para desconstruirmos essa visão estereotipada do negro. Foi pensando nessa forma distorcida de apresentar para os alunos a literatura canônica da segunda metade do séc. XIX que passamos a adotar uma forma diferenciada de trabalhar a Literatura Brasileira em sala de aula. E que forma seria essa? Que movimento literário escolhermos para essa nova forma de abordar a historiografia, como também as obras que de algum modo se enquadram dentro desse movimento? A escola literária foi o Realismo/Naturalismo e a obra adotada foi O cortiço do Aluísio Azevedo. Na visão de Toller Gomes¹ , o romantismo se escondeu sob o paternalismo e sob uma visão idílica das relações raciais, fazendo parecer menor o” problema” que se apresentava ameaçador para a elite política do séc. XIX – a escravidão. Acreditamos que a leitura da obra deve perpassar os sentidos literários e se articular com as questões sociais e, por isso, nosso objetivo foi: discutir as relações étnico-raciais a luz das ideias de Munanga (2005), Bernd (2003) Silva (2005), Hall (2006), entre outros nas aulas de literatura no Ensino Médio, vinculadas ao Subprojeto de LP PIBID/CH/UEPB. A temática discutida chamou mais a atenção dos (as) alunos (as) do que o enredo da obra.