A sociedade brasileira é marcada pela diversidade de etnias e culturas que ao longo dos anos da história da educação brasileira não houve o reconhecimento e a valorização destas etnias, centralizando-se a educação escolar em um modelo de educação eurocêntrico e ocidentalizado. Tanto a população indígena quanto à população afrobrasileira não foi reconhecida em seus direitos civis e não teve acesso a uma educação de boa qualidade de ensino. Para romper com preconceito e com o modelo de educação pautado na igualdade desigual em que se encontra a educação brasileira, exige-se da escola a construção de um projeto pedagógico coeso que reconheça a igualdade de direitos, a identidade e a valorização sociocultural de sua comunidade. Considerando isto, o presente artigo traz dados sobre a pesquisa-ação, que se constituiu por meio de uma formação docente, totalizada em 156 horas, na plataforma moodle (virtual), que nos possibilitou a compreensão e avaliação de como estava sendo implementada a Lei 10.639/03, nas escolas da cidade de Areia/PB. Participaram da formação 50 professores, e os dados foram coletados durante a formação docente, que nos possibilitou o redirecionamento das ações do mesmo. os dados preliminares revelaram que 100% dos profissionais cursistas e atuantes nas escolas não tiveram em sua formação profissional inicial estudos analítico-críticos sobre a história da África, sobretudo, no reconhecimento das contribuições da população negra e quilombola nos diferentes campos de conhecimentos: arte; dança; culinária; trabalho etc. Ao serem questionados quando e quais as propostas desenvolvidas para se tratar dos aspectos trazidos da lei 10.639/03 e diretrizes Curriculares nacionais para o ensino da história da África e suas contribuições (2003); todos os professores afirmaram que trabalhavam especificamente nas datas comemorativas de 13 de Maio e 20 Novembro, datas determinadas no calendário oficial escolar como, respectivamente, libertação dos escravos e dia da consciência negra. Todavia, constatou-se que tais ações pedagógicas não se pautavam em uma discussão analítico-crítica sobre a população negra e sim, meramente comemorativa; o que não coaduna com o que se espera pelos estudiosos e pesquisadores da área temática em discussão e pelas diretrizes curriculares nacionais para o Ensino da história da África e suas contribuições (2003). Constatou-se também que nenhuma das escolas, em que os professores cursistas trabalhavam, tinha em seu Projeto Político Pedagógico propostas consolidadas para executar e implementar ações de caráter antirracistas e de valorização à cultura negra dentro do currículo escolar. Ações eram pontuais e individualizadas pelos professores. constatou-se que os professores compreendem a necessidade de estudos mais aprofundados sobre a África e suas contribuições à cultura brasileira, superando aspectos discriminatórios e preconceituosos que são trazidos pela mídia. Sendo assim, podemos concluir que há uma lacuna na formação inicial docente, uma vez que os professores participantes do curso/pesquisa não receberam qualquer formação sobre a educação e a relações étnico-raciais, exigindo-se que os cursos de graduação garantam, por meio de disciplina, seminários avançados ou módulos, a formação sólida dos professores e gestores brasileiros.