PULICI, Maythe De Bríbean San Martin. A ação afirmativa e as cotas universitárias. Anais I CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2014. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/6643>. Acesso em: 23/11/2024 18:34
No Brasil, as ações afirmativas vêm sendo cada vez mais confundidas com cotas, dada a crescente utilização deste recurso político de equalização das desigualdades sociais no ensino superior do país nos últimos anos. O estudo busca analisar teórico-conceitualmente a produção acadêmica sobre as cotas no ensino universitário do Brasil entre os anos de 1997 e 2010. Pretende-se, com ele, contribuir como um marco teórico-conceitual para que novas pesquisas possam ser realizadas de modo a enriquecer o campo de estudos das ciências sociais que permeiam o tema. A abordagem metodológica desenvolvida foi pautada no tipo de pesquisa qualitativa de natureza bibliográfica a partir de teses e dissertações digitalizadas disponibilizadas pelo Portal da CAPES. O método de análise foi indutivo, utilizando como recursos para a análise de conteúdo a realização de mapas conceituais. Foram encontradas 98 teses e dissertações pertinentes ao tema. Destas, 18 foram analisadas através de mapas conceituais e, na sequencia, explorados seus pormenores por meio de análise detalhada de cada texto. A pesquisa demonstra que a grande maioria dos trabalhos refere-se às cotas como políticas públicas de redução das desigualdades, principalmente no que diz respeito ao acesso da população negra no sistema de ensino superior. Outras populações também se fizeram presentes, como carentes e indígenas, porém, com relevância representativamente menor. Esta pesquisa se mostrou necessária para inferir que o estudo acadêmico sobre cotas é bastante relevante e amplo. Observa-se que a concentração de teses focadas na população negra se justifica tanto pela intensa ação midiática voltada para este grupo de beneficiários quanto pela necessidade de levantamento do debate sobre discriminação e reparação cultural, bastante reivindicado pelos negros, mas ainda não compreendido ou sequer estudado profundamente pela sociedade brasileira. Estes dados confirmam a hipótese de que a comunidade negra é grande responsável pela propagação das ações afirmativas no Brasil e, ainda, que a comunidade acadêmica vem acompanhando essa demanda, já que a grande maioria da produção acadêmica existente é focada nesse determinado grupo.