O USO DE OBRAS CINEMATOGRÁFICAS PARA O ENSINO NAS LICENCIATURAS Keila Cruz Moreira[1] Fábio Alexandre Araujo dos Santos[2] Andrezza Maria Batista do Nascimento Tavares[3] Eixo Temático: Processos de Ensino e Aprendizagem Resumo Nosso trabalho faz referência tanto aos aspectos metodológicos quanto a prática docente dentro de uma perspectiva do uso de tecnologia para o ensino. Há algum tempo temos disponíveis muitas pesquisas que tratam da inserção de tecnologias no fazer da sala de aula, no entanto, observamos que mesmo tecnologias mais simples ainda não fazem parte de nossa cultura escolar, ainda falta aproximar as pesquisas sobre inovação tecnológica do chão da escola, o uso de recursos que se aproximem da realidade dos sujeitos que fazem a escola. Neste sentido, pesquisamos as melhores estratégias para o uso de obras cinematográficas (filmes) e vídeos no estudo de conceitos vinculados as disciplinas pedagógicas com as quais trabalhamos no curso de licenciatura de Informática no Campus Natal-Zorte do IFRN, na cidade de Natal-RN. Nesse nosso trabalho destacamos o uso de obras cinematográficas, posto que são de maior duração de tempo e encontrar melhores estratégias para o uso deste recurso tanto para sensibilizar ao novo conceito, quanto para identificar na exibição os conceitos já estudados é o nosso foco de pesquisa. Para essa pesquisa nos valemos inicialmente dos estudos de José Manuel Moran (1995-2014) que trabalha com a relação tecnologia, sociedade e escola em vários estudos e apresenta um histórico da inserção, por exemplo, do vídeo nas escolas a partir da década de 1990, mas que era visto como apenas distração, afirma que o "vídeo, nas cabeça dos alunos, significa descanso e não aula, o que modifica a postura, as expectativas em relação ao seu uso" ( MORAN,1995,p28), verifica-se, desde então, que não se aproveita a expectativa positiva do aluno em relação ao recurso para o desenvolvimento dos assuntos da sala de aula na maioria das vezes, ou que é usado sem uma orientação clara para o objetivo de ensino. Assistimos atualmente mudanças tecnológicas muito rápidas e percebemos que mesmo o uso de obras cinematográficas como espaço educativo mudou sua forma de apresentação, iniciamos com o VHC, passamos pelos CDs, pen-drives e hoje em aplicativos e salvos em Nuvens, mas seu uso em si, não há muitas estratégias para otimizar "o assistir" da obra cinematográfica e pouco se faz nesse sentido. Em nosso percurso percebemos que o uso do filme como recurso pedagógico é muito plural, pois pode retratar sobre diversos assuntos, Viana (2002,p.77) indica que "o adequado equilíbrio entre as palavras e as imagens, facilita os processos de desenvolvimento do pensamento em geral e, em particular no processo de ensino/aprendizagem[...], daí ser importante, sempre que possível, além das palavras, usar representações visuais". Ao tratarmos do uso de filmes também nos preocupamos como o aluno se adentra numa perspectiva da tomada de decisão e da apropriação dos conteúdos trabalhados(PECHÊUX,1995) como o sujeito do discurso toma posição em relação aos saberes sistematizados e apresentados nas formações discursivas as quais ele pode se apropriar, pensamos na relação entre as formações discursivas presentes nos textos trabalhados tradicionalmente e os veiculados pelas obras cinematográficas (filmes). Para corroborar com a importância do uso das tecnologias, neste caso os filmes, trazemos da teoria de Vygotsky (1987) a defesa do contexto corroborando, interferindo no desenvolvimento da aprendizagem do indivíduo, tendo em vista que a cognição não acontece sem relacionar-se ao contexto sociais, mediados por instrumentos e signos na internalização dos comportamentos, aprendizagens. Esses signos dividem-se em indicadores, icônicos e simbólicos e estão diretamente vinculados a uma mudança de ambiente, que segundo Vygostsky(1987) favorece o aprendizado e estes elementos estão presentes em praticamente todas as obras cinematográficas e nós professores como um dos responsáveis para promover a mediação entre o aluno e o conhecimento observando a zona de desenvolvimento proximal deste para a apropriação, podemos fazer uso dessa alternativa educacional para que haja aprendizagem e o desenvolvimento do aluno usando a tecnologia/ o filme como um recurso de mediação também. Ainda nos apoiamos na defesa das metodologias ativas que trazem em seu bojo o uso das tecnologias e mais autonomia no ato do aluno aprender a aprender, mesmo quando se usa suportes tecnológicos mais comuns como os vídeos, filmes e blogs (MORAN, 2014) e em nosso caso específico o uso de filmes para sala de aula invertida, por exemplo. Como metodologia de pesquisa estamos usando a pesquisa ação, pois trabalhamos há quatro anos dentro das turmas de licenciaturas nas disciplinas de Psicologia da Educação e Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação recorrendo a obras cinematográficas para dinamizar, sensibilizar, consolidar os conteúdos trabalhados nestas disciplinas. Fazemos o uso de roteiros de acompanhamento dos filmes selecionados, com ficha técnica e questões que irão variar de acordo com o objetivo da aula e do uso do recurso como mediador da aprendizagem. Estamos explorando/pesquisando junto aos alunos qual seria a melhor abordagem, a exibição contínua do filme e depois abordagem do roteiro, o uso de recortes do filme com abordagens previstas no roteiro ou a exibição do filme na íntegra, mas com pausas para debates/indagações/provocações das questões elencadas. Ainda não chegamos a uma conclusão sobre o melhor uso, até aqui o que podemos dizer é que o uso das obras cinematográficas tem favorecido a apropriação dos conceitos elencados nas disciplinas em que desenvolvemos nossas aulas. No entanto, a melhor estratégia tem se revelado flexível, variável a depender do filme e do conceito a ser trabalhado. Palavras-chave: metodologia de ensino, obras cinematográficas; tecnologias, licenciaturas Referências MORAN, J. M., "O vídeo na sala de aula". In Revista Comunicação & Educação. São Paulo, ECA-Ed. Moderna, [2]: 27 a 35, jan./abr. de 1995. MORAN, J.M. Metodologias Inovadoras com Tecnologias. Entrevista a João Matar. Disponível em: . Acesso em: 13 abr. 2014. PECHÊUX, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 2. ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 1995. VIANA, M. C. V., Perfeccionamiento del currículo para la formación de profesores de matemática en la UFOP. Tese de Doutorado. ICCP-Cuba. 2002. VIGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem.São Paulo, Martins Fontes, 1987. [1] keila.moreira@ifrn.edu.br/Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN. [2] Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN. [3] Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN.