As manifestações artísticas sempre estiveram presentes na vida do homem desde a pré-história e eram repassadas de geração em geração através da cultural e conhecimentos populares. Ao abordamos os conceitos de arte devemos entender que estes abrangem diferentes significados que podem variar de acordo com a época e meio inseridos. Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra arte é expressa em duas de suas definições como "atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito, de caráter estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de prolongamento ou renovação"...; e "a capacidade criadora do artista de expressar ou transmitir tais sensações ou sentimentos". Seguindo essa definição, podemos considerar que a arte esteve presente no Brasil muito antes da colonização, nas tradições e saberes indígenas visto que ela está interligada com a cultura de um povo. Entretanto sua implantação na educação brasileira só ocorreu com os jesuítas quando estes a usavam de maneira informal apenas como uma ferramenta pedagógica para catequizar os índios. A sistematização do ensino de artes no Brasil, iniciou-se somente anos mais tarde com a Academia de Belas Artes sob a tutela da Missão Francesa trazida por Dom João VI, contudo, nessa época apesar de já haver artistas nacionais não havia ainda a valorização desses artistas, favorecendo a arte estrangeira. Esta realidade vai sofrer alteração com a Semana de Arte Moderna. Na escola, por muito tempo, a arte esteve ligada ao desenho técnico, canto orfeônico, sem uma legislação apropriada, somente em 1971, por meio da lei 5692 é instituído a obrigatoriedade do ensino de arte nas escolas com a denominação de Educação Artística. Fundamentava-se na ideia de com isso dá um caráter humanista no currículo, contudo a arte ainda não foi valorizada ou considerada como área do conhecimento era usada apenas para formar mão de obra para as indústrias, com atividades fragmentadas e estéreis, pois os alunos da educação artística produziam a arte que as empresas necessitavam como, por exemplo, a estamparia. Nesse período se estendendo até os anos de 1980, consolida-se o movimento dos arte-educadores, que lutam para que a arte passe a ser reconhecida como área do conhecimento, como defende Barbosa (2010, p. 2) "A arte na educação afeta a invenção, inovação e difusão de novas ideias e tecnologias, encorajando um meio ambiente institucional inovado e inovador". Isto vai se concretizar com a LDB nº 9394/96, que revoga as disposições anteriores e considera a arte obrigatória na Educação básica, passando a ser compreendida como área do conhecimento com sua linguagem e conteúdos próprios. Compreendemos a arte, também, como mediação para as outras áreas dos conhecimentos, pois é cada vez mais nítida a importância dela para a aprendizagem, uma vez que buscar maneiras de o aluno interagir em sala de aula é um desafio para educadores de todas as áreas do ensino. Desta forma o educador pode usar de inúmeros artefatos para aprimorar os conhecimentos dos seus alunos, buscando da melhor forma possível o aprendizado e a interação com os mesmos, os aparatos artísticos podem tornar esses indivíduos capazes de se auto expressar, opinar, criticar e sugerir. Por isso consideramos que a arte é capaz de auxiliar na interpretação textual, na visão de mundo, na compreensão cultural e disciplinar, através das diversas manifestações artísticas como a contação de historia, pintura, cinema, visita a museus, entre outros. Acreditamos que tais ferramentas podem tornar a pratica pedagógica mais atrativa, além de ser lúdica e interativa para a troca de conhecimento entre docente e discente, entretanto alguns professores insistem no ensino tradicional e não se adaptam aos avanços educacionais. Nesse cenário o presente estudo tem por objetivo compreender o que os discentes entendem por arte e como eles vivenciaram essa área do conhecimento nos seus estágios supervisionados. Para tal a metodologia tem caráter qualitativo uma vez que "trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes" (MINAYO, 2001.p.24), fundamentada na reflexão de autores como: Ana Mae Barbosa (2010) dentre outros. A produção dos dados se deu por meio de uma pesquisa exploratória realizada com os alunos e alunas do 9º semestre do curso de Pedagogia de uma IES pública, através de um questionário com perguntas abertas e fechadas, no qual se buscou compreender o que os discentes entendem por arte e como eles vivenciaram a arte nos seus estágios. Como resultados ainda preliminares percebemos que os entrevistados, em sua maioria, veem a arte como disciplina curricular, mas também sendo uma forma de expressão, uma habilidade humana capaz de despertar sentimentos. Em relação a utilização da arte na escola onde estagiaram, foi possível perceber que a maioria dessas escolas não a utiliza, ela está pouco presente na rotina das crianças seja como disciplina ou mediação, dessa forma percebemos que quando utilizada em sala de aula é apenas um entretenimento para as crianças, pois a maioria dessas instituições de ensino prezam uma aprendizagem conteúdista, enquanto em outras instituições ela é utilizada como incentivo a criatividade e ao entendimento do conteúdo. Assim por tudo que foi ressaltado nesse trabalho, podemos concluir que diferentemente do pensamento da autora Ana Mae, boa parte das escolas não valoriza a arte, se quer a conhecem como área do conhecimento, considerada muitas vezes apenas uma obrigatoriedade do currículo, em circunstancia disso ela ainda permanece monótona. Portanto, podemos (re) afirmar com a pesquisa desenvolvida que os graduandos do curso de Pedagogia dessa IES por não vivenciarem a arte na universidade, não a consideram no seu sentido múltiplo, tendo uma visão que esta é somente uma ferramenta pedagógica de certa forma contribuindo para a desvalorização dessa área do conhecimento. Recomendamos a arte na escola defendendo que pode contribuir com o processo de ensino-aprendizagem, ajudando no desenvolvimento integral da criança, aprimorando a sua percepção, a sua imaginação, a sua observação e a sua criatividade. Palavras-chave: Arte, aprendizagem, mediação, disciplina. Referências BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. A Imagem no Ensino da Arte. 8 ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2010. MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2001. Disponível em acesso em 01 de outubro de 2018.