CAFEICULTURA NA REGIÃO DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ES: Relação entre educação e o processo produtivo do café ANTONIAZZI, Anna Luisa A. [1]/anna.antoniazzi@gmail.com/Centro Universitário São Camilo-ES LOPES, Tatiane da Silva [2]/Centro Universitário São Camilo-ES BERNARDES, Natalia Ribeiro [3]/ Centro Universitário São Camilo-ES RODRIGUES, Raphael Cardoso [4]/ Centro Universitário São Camilo-ES SILVA, Marilene Dilem da [5]/ Centro Universitário São Camilo-ES TEIXEIRA, Cintia Cristina Lima [6]/ Centro Universitário São Camilo-ES FILHO,Gilson Silva [7]/ Centro Universitário São Camilo LEITE,Vinícius Rocha [8]/ Centro Universitário São Camilo RABELLO ,Helimar [9]/ Centro Universitário São Camilo Eixo Temático: Cidadania, Direitos Humanos e Interculturalidade - com ênfase na educação em direitos humanos, na superação da violência e da indisciplina nas escolas, em suas diferentes formas de manifestação. Resumo O café é a segunda bebida mais consumida no Brasil perdendo somente para a água. Aproximadamente 98% dos brasileiros consomem café (EMBRAPA, 2015). Não só no Brasil, mas o café é consumido no mundo inteiro. De acordo com dados do IBGE (2016), o Brasil produz aproximadamente 3 milhões de toneladas de café por ano, sendo que no ano de 2017 mais de 2 milhões de sacas foram destinadas à exportação (CECAFE, 2018). O estado do Espírito Santo ocupa o primeiro lugar na produção de café conilon (Coffea canephora) e o terceiro lugar na produção de café arábica (Coffea arábica) do país (CONAB, 2014 apud PEREIRA, 2015). A cidade de Venda Nova do Imigrante, localizada na região Serrana do ES, possui uma área de 188,9 km2 e 20.447 habitantes aproximadamente. Muito marcada pela cultura italiana devido à colonização europeia, ainda mantém a cultura do cultivo do café, sendo a principal atividade econômica da cidade (PMVNI). É relevante ressaltar que a produtividade média do café, apesar da significativa importância econômica e social para a região das Montanhas, ainda é relativamente baixa. Isso devido a diversos fatores associados principalmente a falta de conhecimento dos produtores quanto ao manejo eficiente da planta durante o processo de plantio, colheita e secagem dos grãos (FERRÃO et al., 2009). O trabalho busca compreender a relação entre educação e conhecimento dos produtores de café da região de Venda Nova do Imigrante - ES para identificar qual parte do processo de ensino-aprendizado está sendo falha, visto existem trabalhos científicos publicados que identificaram tal problema. Se há uma falha para o acesso ao conhecimento, algo pode ser feito de forma a viabilizar tal acesso, em que os produtores da região possam ser beneficiados. Foi aplicado em setembro de 2018 com os cafeicultores, um questionário semiestruturado, de caráter quali-quantitativo, com 10 (dez) perguntas abertas e fechadas, diretamente relacionadas ao processo de aprendizagem para o cultivo do café e a dinâmica do pós colheita para a venda do grão. Foram entrevistados cafeicultores dos distritos do município de Venda Nova do Imigrante (São Roque, Bela Aurora, Pindobas, Fazenda União, Tapera, Alto Tapera e Lavrinhas). A partir dos resultados foi observado diante das entrevistas realizadas que 76,66% dos cafeicultores possuem apenas o ensino fundamental; 29,52% o ensino médio e apenas 5,88% do total dos entrevistados possui ensino superior. Apesar da baixa escolaridade observada na região do estudo, 100% dos entrevistados, ainda que de forma deficitária, tiveram contato com o sistema formal de ensino brasileiro. Outro dado relevante observado é que 100% dos cafeicultores afirmaram ter aprendido o cultivo do café com os pais e 94,11% destes possuem familiares envolvidos no processo produtivo do grão. A agricultura familiar é caracterizada como uma forma de organização trabalhista bastante eficaz, pois gera emprego de forma direta; além de ser uma estratégia empregatícia economicamente mais barata. (SCHMIDT et al., 2004). Foi observado no estudo que a média anual de café produzida é de 244 sacas piladas e 100% dos cafeicultores relatam que não há perda considerável de grãos durante o processo produtivo. Diante disso, observa-se que, apesar de uma escolaridade formal ainda que deficiente, o cultivo do café que foi ensinado por familiares é reproduzido com eficácia. No entanto, apesar da relativa eficácia na produtividade, 82,35% dos cafeicultores almejam melhorar a qualidade do café produzido, porém não sabem onde obter informações para tal melhoria. É necessário salientar que mesmo diante da intenção de melhoria da qualidade do grão produzido, 52,94% dos cafeicultores afirmam que nunca tiveram interesse ou participaram de cursos e/ou palestras relacionados à melhoria da produção cafeeira. Devido à base tecnicista do sistema educacional brasileiro e precário construção do saber, há uma falha no processo de aprendizagem. Como afirma Bastos (2017), o indivíduo que não é educado a pensar por si mesmo está destinado a reproduzir o que lhe é transmitido. Antes de se pensar na educação transmitida dentro das salas de aula com memorização de material e conteúdo programático, deve-se pensar na educação como principal ferramenta para acesso a cidadania. Diante da pesquisa observou-se também que apenas 5,89% dos cafeicultores conseguem vender o café produzido diretamente para fora do estado. A maior parte de todo grão produzido (94,11%) é vendido para grandes empresas atravessadoras de café da região, que em posse do café comprado, irá comercializá-lo para fora da região, estado ou país. Bastos (2017) destaca que há urgência para mudança da prática pedagógica utilizada em nosso país. A educação deve acima de tudo atuar como fonte libertadora e emancipatória. Deve ser utilizada como ferramenta de acesso ao conhecimento e construção do próprio saber, para que os indivíduos tenham através do acesso à informação, o poder de construir sua própria história. Palavras-chave: produção cafeeira, escolaridade, trabalho e cidadania. Referências BASTOS, Manoel de Jesus. Educação, Trabalho e Cidadania. Revista científica multidisciplinar Núcleo de Conhecimento. Ano 2, Vol. 14. Pp 98-108. Janeiro de 2017. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/educacao-trabalho-e-cidadania. Acesso em: 10/10/2018. CECAFE, Conselho dos Exportadores de Café do Brasil. Relatório Mensal de Exportações: Março de 2018. Disponível em: http://www.cecafe.com.br/publicacoes/relatorio-de-exportacoes/. Acesso em: 23/04/2018. CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento. Indicadores da Agropecuária / Companhia Nacional de Abastecimento. Ano XXVII, n.3, Março 2018. Disponível em: https://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/18_03_29_11_40_29_indicadores_da_agropecuaria_-_03_-_2018.pdf. Acesso em: 11/04/2018. EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Notícias. Café é a segunda bebida mais consumida do Brasil. Publicado em: 19/03/2015. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/2574254/cafe-e-a-segunda-bebida-mais-consumida-no-brasil/. Acesso em: 23/04/2018. FERRÃO, Maria Amélia Gava, et al. Técnicas de Produção de Café Arábica: renovação e revigoramento das Lavouras no Estado do Espírito Santo. 3ª ed. - Vitória, ES: INCAPER, 2009. PMVNI, PREFEITURA MUNICIPAL DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE. Histórico. Disponível em: www.vendanova.es.gov.br/website/site/Historico.aspx. Acesso em: 08/03/2018.