Mini Curso Aprendizagem e desenvolvimento na Educação Física Escolar: relato de uma experiência docente Ederson Antonio da Silva/ ederson_antonio@yahoo.com.br /FCT/UNESP Luiz Rogério Romero/FCT/UNESP Renata Franco Papoti/FCT/UNESP Eixo Temático: Formação inicial e continuada de professores Agência Financiadora: CAPES/CNPq Resumo Apresentamos, através deste relato de experiência, a vivência junto à docência no Ensino Superior. Trata-se de um Professor efetivo da rede estadual de Ensino de São Paulo, vinculado ao Programa Mestrado Profissional Educação Física em rede Nacional (PROEF), polo FCT/Unesp de Presidente Prudente - SP. Oportunidade vislumbrada em meio a XV Semana de Educação Física. Este momento e espaço fora pensado com vistas a múltiplos interesses acadêmicos. Assegurar, um espaço de experiência docente junto ao ensino superior. Apresentação das experiências profissionais, de um Professor de Educação Física, efetivo junto a rede Estadual de Ensino do interior Paulista. Ampliação do repertório de conhecimento dos discentes em formação inicial em Educação Física, quanto ao cotidiano escolar público estadual. Nosso objetivo geral, foi apresentar a perspectiva de aprendizagem e desenvolvimento por nós empreendida junto a rede de ensino, bem como, a relação que estabelecemos entre leis, diretrizes, normativas, orientações oficiais, bases didático pedagógica, e a realidade concreta do aluno e escola pública. Nosso público, hora composto por discentes do curso de Licenciatura em Educação Física, vinculados em diferentes projetos, entre eles, a Residência Pedagógica e PIBID, partilharam as suas demandas imediatas, possibilitando o vislumbre de um mapa de múltiplas identidades, visões de mundo e interesses. Buscamos, ampliar e ultrapassar o modelo tradicional de ensino. Analisamos, as possibilidades didático metodológicas de forma a compreender a Educação Física, enquanto componente curricular privilegiado, quanto a aprendizagem e desenvolvimento do conteúdos e temas da cultura corporal de movimento. Realizamos o debate através de trechos de filmes, clipes e séries, que marcaram por tecer uma leitura crítica ao sistema tradicional de ensino. Optamos pela, metodológica do materialismo histórico e dialético, presente na Pedagogia histórico-crítica de Dermeval Saviani (2011), pelos fundamentos da aprendizagem e desenvolvimento, advindos da Psicologia soviética, e teoria histórico cultural, bem como, da perspectiva, crítico social dos conteúdos apregoada pela obra clássica, Metodologia do Ensino em Educação Física, do Coletivo de autores (1992). Da tessitura do quadro epistemológico, que fundamenta a concepção de aprendizagem e desenvolvimento, passamos ao debate das problemáticas e desafios do contexto educacional. Abordamos, uma série de conteúdos e sequências didáticas, contempladas pelo Currículo oficial do Estado de São Paulo, sendo o tema esportes coletivos de interesse comum. Apresentamos as possibilidades e desafios que o trabalho pedagógico deste tema enfrenta, desde a primeira infância, até o ensino médio. O tema selecionado, esportes coletivos, foi desenvolvido partindo das primeiras idades, observando a atividade principal, interesses, motivações, e experiências anteriores do Professor Palestrante, em projetos de pesquisa e extensão, desenvolvidos junto a crianças desde o maternal, até o ensino médio. Na Proposta Estadual de Ensino da Educação Física (SÃO PAULO, 2011), iniamos cada unidade temática, com a identificação dos conhecimentos prévios dos alunos. Para a Pedagogia Histórico-Cultural, este momento é descrito como o nível de desenvolvimento atual das crianças (GASPARIN, 2005, P. 80). Ao compreender o contexto social da criança, e, de inserção cultural, encontramos indicações que possibilitam iniciar o trabalho. Contudo, o planejamento, ou plano de ensino são entregues antes mesmo de conhecer pessoalmente os alunos com os quais trabalhará. Situação esta minimizada, com as reuniões bimestrais de replanejamento, e possibilidade de mudanças ao longo de cada bimestre. Estas alterações, e ajustes constantes, ainda que previstos nos documentos oficiais, epistemologicamente necessárias, e cientificamente comprovadas, sofrem em alguns contextos, com resistências, oferecidas por gestores que optam pela leitura tradicional da aprendizagem, como processo fixo, pré-determinado, imutável, e que não oferece a escuta, e participação ativa dos alunos. A manipulação de objetos, e materiais foi a primeira problemática apontada pelos discentes. Estes, haviam enfrentado dificuldades, ao realizar brincadeiras, com o uso de bolas, cordas, bambolês. Este percalço, foi equacionado pela compreensão dos motivos, interesses, e atividade principal em que se encontram as crianças. O material novo, era incorporado de forma lúdica, prevendo no planejamento, um tempo para que a criança manipulasse-o. As crianças seguram o objeto, em suas mãos, sem o compartilhar. Ação, recorrente em diferentes idades biológicas, utilizamos da imaginação, simulando uma batata quente, um carvão em brasa, ou mesmo uma bomba relógio, fazendo o tic e tac, de forma que todos pudessem interagir com o material sem segurá-lo, ou agarrá-lo. Após, esta etapa, ainda que ocorresse, o segurar a bola, bastava retomar o enredo imaginativo, de imediato a criança voltava a compartilhar o material, havendo resistência em alguns casos apenas. Este, compartilhar guiado pelo motivo realmente eficaz, cria na criança as condições necessárias, para que ela compreenda o motivo apenas compreensível, de compartilhar, e dividir objetos, materiais, espaços, atenção em situações coletivas (VYGOTSKY, 2000). A brincadeira, permite a criança ampliar suas possibilidades, abrindo espaço para o jogo, e o uso de regras mais complexas. Nos jogos, desde os protagonizados ou de papéis sociais, até jogos com regras mais complexas. Como é muito comum, a identidade corporal motora das crianças, estar associada ao futebol no Brasil, apresentamos o jogo futebol com as mãos. Em círculo, posição em pé, todos devem encostar pé com pé, formando entre as penas afastadas, um pequeno gol. O Professor, questiona a todos qual esporte usa algo parecido com o que as pernas formaram, e logo a resposta vem, um gol ou trave. E como vamos chutar, uma criança já sugere, "vamos chutar com a mão então", e aos poucos o esporte, vai ganhando novos contornos e significados pela mediação, e participação ativa das crianças. Para Saviani (2003, p. 141), a teoria desvinculada da prática não passa de contemplação, e a prática desvinculada da teoria nada mais é do que espontaneísmo. Os jogos com regras, criam as bases necessárias, através da aprendizagem e desenvolvimento, para o aluno se apropriar dos jogos pré-esportivos, jogos reduzidos, esportes alternativos, e esportes coletivos propriamente ditos. Na avaliação conjunta, docente e discentes, concluíram que o minicurso, oportunizou, a vivência de atividades, entrelaçando suas relações, contradições, complexidades, imprevisibilidade, apontando recursos às demandas pedagógicas apontadas. Este momento e espaço atingiu suas múltiplas hipóteses, permitindo aos discentes, compreender a imprescindibilidade do estudo, pesquisa, e análise do processo de aprendizagem, assim como, dos sujeitos envolvidos. Ampliou o repertório de conhecimentos, quanto ao cotidiano escolar público estadual, e assegurou um importante espaço de experiência docente junto ao ensino superior. Em virtude, desta experiência, novos espaços, e momentos de diálogo e formação, entre discentes e docentes, vinculados ao programa de mestrado profissional, vem sendo estudado com o merecido carinho. Palavras-chave: Educação Física, Aprendizagem e Desenvolvimento, Formação Inicial, Estágio docência Referências BRACHT, Valter; ESCOBAR, Micheli Ortega; CASTELLANI FILHO, Lino; VARJAL, Elizabeth; TAFFAREL, Celi Nelza Zülke; SOARES, Carmen Lúcia. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo, Cortez, 1992. 117p. GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 3ed.rev. Campinas-SP: Autores Associados, 2005. 191p. SÃO PAULO. Currículo Oficial do Estado de São Paulo: linguagens, códigos e suas tecnologias, 2ed. São Paulo-SP: SE, 2011. 260p. SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 11ed.rev.ampl. Campinas-SP: Autores Associados, 2011. 137p. VYGOTSKY, Lev Semiónovich. Obras Escogidas III: Incluye problemas del desarrollo de la psique. Madrid-ES: Visor, 2000. 383p.