Este texto tem como objetivo discutir as políticas públicas de inclusão voltadas a questões etnicorraciais. A questão norteadora versa sobre a reflexão de como, no Brasil, as políticas públicas podem viabilizar ações sociais de inclusão equitativas sem discriminações étnicorraciais. Tomo como base epistemológica a produção científica que tem origem nos estudos sociológicos, especialmente, a desenvolvida no decorrer do século XX e neste início do século XXI, no âmbito dos Estudos Culturais e da perspectiva pós-estruturalista. Assim, busco fazer uma reflexão acerca das políticas públicas, situando-as relativamente às concepções que lhe são subjacentes e às práticas que as políticas têm desenvolvido nesse campo. Para isso, desenvolvo essas reflexões discutindo, numa perspectiva sociohistórica, os modos como a sociedade brasileira foi se constituindo a partir de concepções e práticas que tomaram (e ainda tomam) as diferenças étnicorraciais, como referenciais demarcadores de processos de exclusão e inclusão sociais e, em seguida, abordando alguns marcos legais de lutas por igualdade de direitos e inclusões sociais que influenciaram, direto e/ou indiretamente, nas políticas públicas, constituindo um caminho que parte da negação das diferenças ao seu reconhecimento de valorização das diversidades étnicas. Considero que apesar dos significativos avanços epistemológicos e sociais, convivemos diariamente com práticas cotidianas de reafirmação dessas desigualdades e de negação de direitos civis e sociais de negros e índios. Para viabilizar ações sociais e de inclusão equitativas é necessário, primeiro, a elaboração de políticas públicas de enfrentamentos a preconceitos, discriminações e violências dirigidas a grupos sociais excluídos; políticas de empoderamento desses grupos sociais e, por último, políticas de reconhecimento, promoção e valorização das diferenças e diversidades. No entanto, fica às políticas públicas, o desafio de atender as demandas - objetivas e subjetivas, materiais e políticas, as grandes e as pequenas - dos sujeitos, de modo que as especificidades de suas circunstâncias de vida concreta não excluam ou ignorem as possibilidades de mudanças e transformações sociais no campo das macro políticas sociais.