O ato de parir como evento natural, subjetivo e familiar passa a ser extinguido no âmbito das instituições de saúde, onde a mulher sofre ações mais invasivas e intervencionistas, muitas vezes sem o seu consentimento e real indicação. Em consequência a esse modelo de assistência, a gestante perde sua autonomia, passando a ser coadjuvante no processo parturitivo. Nesse sentido, em parceria com o Ministério da Educação, a Rede Cegonha instituiu o programa de Residência em Enfermagem Obstétrica, a qual consiste em uma modalidade de ensino de pós-graduação sob forma de curso de especialização. Nesse cenário, pretende-se responder a seguinte pergunta: como está configurado o perfil obstétrico de mulheres atendidas por enfermeiros residentes em uma maternidade do Nordeste Brasileiro? Dessa forma, objetivou-se descrever os resultados obstétricos dos partos assistidos por enfermeiros em formação pelo programa Residência em Enfermagem Obstétrica. Realizou-se, assim, um estudo descritivo, retrospectivo, com abordagem quantitativa, realizado em uma maternidade de Fortaleza-CE. Foram assistidos 147 partos pelas enfermeiras residentes. 87,1% das parturientes são provenientes da cidade de Fortaleza. A faixa etária predominante foi entre 20 a 24 anos, totalizando um terço da amostra. Um percentual de 44,9% das mulheres eram primigestas e nulíparas (50,3%) e 12,92% delas já tiveram pelo menos um abortamento na vida. Diante disso, observou-se que as parturientes participantes da pesquisa eram em sua maioria mulheres jovens provenientes de Fortaleza, estando na primeira gestação, sem partos e abortos anteriores. A pesquisa foi de extrema importância para os profissionais da área, tendo em vista que conhecer o perfil de pacientes que são atendidos no serviço acarreta em diversas melhorias do cuidado.