O paradoxo entre a centralidade da oralidade, enquanto letramento, na constituição de sujeitos e na ressignificação de identidades de dominação/resistência, em sociedades grafocêntricas e em democratização, e o contingente de pessoas com dificuldades em sua apropriação; o tratamento secundarizado da oralidade na escola; e o necessário aprofundamento da concepção sóciointeracionistadiscursiva de oralidade justificam a investigação dos aspectos teórico-metodológicos desta concepção e suas implicações para a mediação pedagógica na escola. Objetivamos identificar os conceitos de oralidade, caracterizando-a; e analisar as implicações pedagógicas para a mediação docente na escola, pela pesquisa qualitativa e exploratória sobre a produção bibliográfica, vinculada ao PET/Pedagogia/UFCG. Constatamos a conceituação e caracterização da oralidade/dos letramentos como marca da condição humana, sistema simbólico, histórico e socialmente produzido e função psicológica superior; como prática social envolvendo gêneros orais, na perspectiva da hibridização entre a oralidade e a escrita; de natureza multiplanar e multisemiótica, cujos aspectos segmentais/ suprasegmentais/prosódicos são estratégias discursivas para a tomada da palavra, captação da audiência, construção de relações sociais e autoafirmação; e como instância de produção subjetiva e de identidades de resistência, condições à sua apropriação. Os dados apontam a oralidade articulada ao letramento e à linguagem em sua dupla dimensão, como sistema e como discurso, evidenciando-a enquanto sistema simbólico e na sua processualidade histórica, ideológica e dialógica. A centralidade da oralidade/orais, enquanto letramento, como objeto de ensino relevante na escola, não como pretexto para a construção de outros saberes, pela educação linguística socialmente relevante, é importante implicação pedagógica desta pesquisa.