O desenvolvimento tecnológico vem impactando cada vez mais os usos da escrita e da leitura, exigindo dos sujeitos novas habilidades, novos letramentos. Uma prática milenar sempre presente na cultura humana, tem sido ressignificada como uma potencializadora dos letramentos na escola e fora dela: a contação de histórias. Ouvir e contar histórias são experiências anteriores à experiência escolar, inerentes à condição humana. O presente trabalho objetiva defender a contação de histórias como facilitadora do letramento literário e do desenvolvimento humano, a partir do relato de experiências desenvolvidas na trajetória como educadora e contadora de histórias, ancorado em um consistente referencial teórico do campo. A contação de histórias surge como uma possibilidade para o resgate e o fomento do gosto pela leitura literária, ampliando o universo de opções para a mediação da leitura no contexto da escola (e fora dela), promovendo o letramento literário e o desenvolvimento humano. Apesar das inúmeras pesquisas realizadas sobre o ensino da leitura (e da escrita) na escola, indicadores oficiais apontam para a ineficácia da escola quanto ao desenvolvimento de sujeitos proficientes ainda hoje, deixando uma significativa parcela de sujeitos fora dos processos sociais mediados pela leitura e pela escrita, numa sociedade cada vez mais tecnológica e grafocêntrica. Desenvolver práticas que levem à formação do leitor e à busca por um sujeito capaz de transitar pelas demandas da sociedade com desenvoltura é uma questão de cidadania. O que requer da escola novas práticas e novos enfrentamentos, novas formas de promover os letramentos (do aluno e do professor).