As obras literárias, que são resultado da inter-relação entre o escritor e a sociedade, tornaram-se grandes amostras do contexto histórico e social em que foram criadas e também uma fonte de instrução, educação e influência nos comportamentos e condutas. Além disso, são espaços propícios para observarmos as representações de gênero ao longo da história. Todavia, não é novidade que deste sempre a sociedade subalterniza as mulheres colocando-as no papel de submissas a figura masculina. No entanto, decidimos para este trabalho centralizar nossas observações e problematizações na representação feminina durante o século XIX através da obra “Senhora”, de José de Alencar. Na narrativa temos como personagem principal Aurélia Camargo, mulher de origem humilde que após receber a herança de seu avô conquista sua independência financeira, fato este o que corrobora para que se transforme em uma figura forte e independente demonstrando enfrentar os estereótipos sociais impostos pelo patriarcalismo, já que, de início, não sonha com o casamento e nem contenta-se em ser simplesmente uma dona de casa. Dessa forma, este artigo tem como objetivo evidenciar que apesar de suas atitudes transgressoras, Aurélia não consegue romper com as teias do sistema patriarcal e subverte-se, pois suas ações giram em torno do homem por quem é apaixonada, Fernando Seixas e estão restritas ao ambiente doméstico.