A incidência dos casos da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) em homens jovens homossexuais fez com que as abordagens científicas ressaltassem a ligação intrínseca entre elas. Com essas especulações, a sociedade reforçou o preconceito existente contra os homossexuais, dando pouca importância para o problema de saúde pública que crescia rapidamente e que recebia a rotulação de “Peste Gay”. Dessa forma, ela ganhou uma existência quase onipresente na cultura. Nosso objetivo é analisar a construção do discurso que fez a AIDS um instrumento de rotulação e formalização de preconceito nos anos iniciais de sua existência no Brasil, focalizando as condições sociais da década de 80 que a proporcionaram, muito além de um problema de saúde, a afirmação de ser o mal do século XX, alcançando aspectos culturais das sociedades e criando uma estética própria para representá-la. Para tanto, destacaremos a construção do grupo de risco americano e sua inadequação na cultura brasileira, a relação imediata entre AIDS e morte e, por fim, a construção de um estilo artístico para se representar a doença nos principais meios de comunicação, com mais destaque nas revistas de grande circulação da época: Istoé e Veja. Nossa proposta é direcionarmos as relações entre a AIDS e a cultura, o que Hebert Daniel e Richard Parker (1991) denominaram de “Terceira Epidemia” no livro consagrado AIDS: A Terceira Epidemia. Dessa forma, teremos os elementos “pré-literários” que constituíram a primeira geração de escritores que trabalharam a temática da AIDS na Literatura Brasileira.