Uma expressiva visibilidade de travestis e transexuais tem sido constatada entre os estudos de gênero e sexualidade a partir do começo dos anos 2000, sendo assim esses indivíduos ganharam maior visibilidade e representatividade em obras da literatura, do cinema e do teatro. Esta discussão embasada na peça BR-Trans objetiva estabelecer uma abordagem crítica dos trânsitos do desejo de travestis e transexuais em algumas de suas vivências sociais, bem como na busca pela afirmação de suas respectivas identidades. Com uma dramaturgia contemporânea, na qual se fundem relatos testemunhais, referenciais de música, dança e poesia, Silvero Pereira, através de Gisele Almodóvar, única personagem física do espetáculo, narra e encarna, de forma visceral e impactante, vários dramas delicados e polêmicos de pessoas imersas numa sociedade que marginaliza e exclui, através da invisibilidade ou da violência física e simbólica, aqueles que assumem a sua travestilidade ou transexualidade. Partindo dessas personagens, que ganham voz através da protagonista, discutiremos a questão dos deslocamentos humanos que subvertem os padrões erigidos pela cultura masculina e heterosexista, buscando a consolidação de transidentidades.