O presente artigo faz parte de um conjunto de trabalhos que surgiram a partir de uma pesquisa mais ampla, realizada no segundo semestre de 2016 na cidade de São João dos Patos – MA, por oportunidade da Prática Educativa da disciplina Sociologia da Educação. A pesquisa inicial foi realizada pelos alunos e alunas do 2º período do curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) – Campus São João dos Patos. Orientado pelo professor da disciplina, o estudo foi de cunho exploratório e não teve qualquer pretensão de resguardar os procedimentos estatísticos que uma pesquisa de natureza quantitativa requer. A proposta do professor foi que cada grupo envolvido na pesquisa pudesse explorar os dados e, de alguma maneira, produzir um artigo com uma análise focada em algum dos autores trabalhados na disciplina. O objetivo maior era proporcionar aos estudantes do curso de Matemática uma visão aproximada da pesquisa quantitativa em Sociologia e da produção acadêmica. Para o presente artigo o objetivo é identificar a percepção dos estudantes secundaristas sobre “mérito”, traduzida na relação que eles estabelecem entre educação escolar, esforço individual e sucesso profissional. Buscamos ainda analisar a percepção dos estudantes pesquisados à luz das ideias de Pierre Bourdieu acerca da escola, usando os conceitos de Capital Cultural e a relação que o sociólogo francês estabelece entre sucesso escolar e origem familiar, bem como discutir o ideal de meritocracia muito presente na sociedade brasileira. A despeito do fato de que formalmente a instituição trata a todos de forma igualitária, Bourdieu acredita que há alguns elementos que geralmente ficam de fora na análise simplista imposta pelos adeptos da crença no “mérito” sobre o sucesso escolar e/ou profissional. Um destes elementos é o “capital cultural”, conceito do autor que trata sobre a “bagagem” de conhecimentos e vivências que as crianças e adolescentes adquirem desde a sua origem familiar. Os dados utilizados são de natureza quantitativa e foram coletados junto a 130 estudantes do 9º ano do ensino fundamental a partir de um questionário estruturado. De um modo geral, os resultados evidenciam que os estudantes adotam o discurso meritocrático que os faz crer que se eles se esforçarem o suficiente irão conseguir se destacar dentre os demais indivíduos, entretanto essa disputa se inicia de forma muito desigual, já que a realidade social e a origem familiar desses discentes em termos de privilégios econômicos e bagagem cultural são muito diferentes.