Este trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa e de cunho descritivo que retrata um quadro preocupante das escolas estaduais do Estado do Rio de Janeiro: professores não formados nos cursos de Ciências Sociais dando aula de Sociologia na escola básica sem nenhum “preparo” para tal função. A questão que se coloca é a seguinte: será que para ministrar a disciplina de Sociologia é necessário que haja uma formação específica ou qualquer professor pode ministrar essa disciplina? Como observado e documentado nas entrevistas realizadas durante o desenvolvimento da pesquisa, muitos alunos e professores não se incomodam com a presença de profissionais não qualificados dando aulas de Sociologia, pois acham que as aulas de Sociologia só servem para “bate-papo”, ou seja, é uma disciplina em que eles precisam apenas dar “opiniões” sobre determinados fatos que acontecem na sociedade, e que dessa maneira qualquer pessoa se torna apta para ministrar esse conteúdo disciplinar. Por outro lado, os alunos em função dessa situação desprezam toda a especificidade que a Sociologia enquanto ciência construiu através dos anos, desde o seu surgimento no século XIX até os dias atuais. A amostra da pesquisa compõe-se de seis professores de Sociologia da educação básica do estado do Rio de Janeiro. Três professores com formação específica na área das Ciências Sociais e três professores com formação em áreas afins. Os resultados da pesquisa apontam para a necessidade de uma discussão mais aprofundada no sentido de compreender melhor a forma como a disciplina de sociologia é abordada e tratada na escola pública do estado do Rio de Janeiro. Constatou-se uma expressiva diferença em como professores de Sociologia, formados em Ciências Sociais, ministram suas aulas, comparada às aulas de muitos professores que não possuem formação em Ciências Sociais, porém conseguem a habilitação para lecionar a disciplina mesmo sem a qualificação necessária para a função.