Com uma revisão teórico-conceitual de identidade (Silva, 2000; Hall, 2001) e de representação (Pesavento, 1995; 2003), na perspectiva dos Estudos Culturais, e refletindo sobre transdisciplinaridade/ educação transdisciplinar a partir dos estudos de Nicolescu (1999; 2002) e Moraes (2007; 2008), discutimos, neste artigo, aspectos das políticas públicas para a Educação do Campo e a implementação do Programa Escola da Terra (2ª edição, 2016) em munícipios do sertão pernambucano. Com essa discussão, objetivamos analisar, de um lado, a repercussão do próprio Programa junto aos/às educadores/as do campo em formação e, de outro, a elaboração de projetos de intervenção sociopolítica e pedagógica como práticas inter- e transdisciplinares. Com respaldo de preceitos metodológicos da Análise de Conteúdo (Bardin, 2011; Crusoé, 2014), analisamos tanto documentos normativos do Programa (Manual de Gestão do Programa da Escola da Terra) e projetos interventivos (Roteiro de Elaboração do Projeto) quanto depoimentos dos/as educadores/as em formação e concluímos que, para além do constante desafio de viabilizar uma educação que questione e problematize, de fato, a realidade do campo e de seus sujeitos é preciso entender que a consciência transdisciplinar não prescinde das clarezas epistemológica e metodológica e dos movimentos de autoformação (dialética do sujeito em formação consigo mesmo), heteroformação (dialética do sujeito em formação com seus outros) e ecoformação (dialética do sujeito em formação com a sua comunidade e com o meio ambiente). A formação transdisciplinar será, portanto, possível quanto mais programas e projetos concebidos para educadores/as do campo privilegiarem essas dialéticas e as identidades individual, social e profissional desses sujeitos.