CORDÃO, Michelly Pereira De Sousa et al.. . Anais IV CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/38026>. Acesso em: 22/11/2024 05:56
Parte da intelectualidade brasileira de finais do séc. XIX e inícios do XX, com produções voltadas para a elaboração de projetos de nação, contribuiu em grande medida para a conservação dos privilégios das elites e a perpetuação das ideias que elas representavam. Alguns escritores fizeram-no a partir de obras com as quais afirmavam ter a intenção de valorizar a singularidade brasileira e, portanto, de construir uma identidade nacional. Foi com esse suposto objetivo que Gilberto Freyre forjou o “mito da democracia racial”, ao enfatizar em sua obra principal, Casa grande e senzala, publicada em 1933, que houve uma “confraternização” entre as “três raças” no processo de formação social e histórico brasileiro. É sobre esse autor que iremos discutir nesta comunicação a partir de uma problemática que pretende “desvendar” as estratégias simbólicas utilizadas por Freyre para a construção de uma “verdade” que perdurou bastante no imaginário social e continua sendo reproduzida socialmente: aquela segundo a qual haveria uma “vocação democrática” na sociedade brasileira e, por essa razão, as três raças se harmonizavam, sem conflitos, amistosamente, cordialmente, no período colonial. Nos argumentos de Freyre se sobressai o que consideramos um ódio à democratização social na medida em que foram construídos para conservar os interesses e privilégios das elites políticas e econômicas do Brasil do início da República.