A presente pesquisa iniciou-se na UERJ, em 2017, como pesquisadora voluntária,com a coordenação da professora Leticia Luna, no projeto “Entre a casa e a escola: os efeitos da mobilidade residencial forçada sobre a experiência escolar de crianças e jovens na Região Metropolitana do Rio de Janeiro”(UERJ). Visando integrar essa problemática as discussões desenvolvidas no Grupo de Pesquisa da UFF, coordenadora pela professora Walcea Alves, cujo projeto em andamento é " REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, TECNOLOGIAS DIGITAIS E O
CONTEMPORÂNEO: INVESTIGANDO A ESCOLA", resolvi adicionar a minha pesquisa em remoções forçadas a abordagem em exclusão digital, valorizando a perspectiva do aluno(metodologia comum entre os projetos).
O presente estudo, em fase preliminar, mobiliza o conhecimento geográfico e, mais precisamente, apresenta breves reflexões sobre a abordagem geográfica na análise de indicadores sociais e informações que giram em torno da escolarização, investigando as relações existentes entre a inclusão digital e a inclusão social. Para tanto, o trabalho visa recuperar a narrativa de estudantes removidos arbitrariamente para áreas periféricas da cidade, analisando como as políticas educacionais se espacializam através do processo de segmentação territorial, reduzindo, ou não, a oportunidades de acesso a tecnologias digitais dos estudantes de escolas mais distantes do centro e, que porventura, disponham menos recursos.
A presente pesquisa justifica-se pelo fato de entender como relevante compreender a visão do aluno sobre sua relação com o novo espaço habitado, suas dificuldades de acessibilidade a serviços e de adaptação ao lugar, analisando, através de suas narrativas, suas trajetórias de afetividades e aflições. A partir disto, a pesquisa avaliará o possível impacto das mobilidades forçadas na desigualdade de acesso a tecnologias digitais por estudantes e a influência direta desta remoção forçada no processo de abandono escolar e ensino-aprendizagem. Sendo necessário, portanto, refletir quais são as relações estabelecidas entre a acessibilidade à informação e o novo espaço urbano habitado por este jovem, cuja pesquisa exploratória elucidará para onde estas famílias foram transferidas, facilitando a compreensão das reais dificuldades enfrentadas por estes alunos em ter acesso a tecnologias digitais em suas escolas. O problema da exclusão digital normalmente é precedido e acompanhado por outros graves problemas sócio-econômico-culturais, dentre estes: problemas educacionais, problemas de infraestrutura em telecomunicações, interesses políticos, entre outros. Em uma população carente de necessidades básicas, torna-se difícil demonstrar as aplicações e benefícios trazidos pela tecnologia
Ao final do projeto, busca-se produzir um mapa-síntese das trajetórias residenciais e escolares de todos os casos pesquisados e organizar coletivamente uma publicação que apresente os resultados.