A proposta do presente projeto é o estudo do caso do Parque da Juventude, localizado na Zona Norte da cidade de São Paulo, como lugar de memória. O Parque da Juventude foi inaugurado em 2003, após um concurso público realizado em 1999 para escolher o projeto que suplantaria o espaço antes ocupado pelo Complexo Penitenciário do Carandiru, demolido parcialmente, além da implosão da Casa de Detenção Professor Flamínio Fávero, em 8 de dezembro de 2002. Tomando como principal conceito o lieu de mémoire de Nora (2009), o projeto visa ao estudo do Parque da Juventude, e também seu anexo, o Museu da Penitenciária de São Paulo, como lugar de memória circunscrita a uma população. Não somente, mas também como preservação de uma trajetória de descaso para com o sistema penitenciário por parte do Estado e como “visando ao futuro” (Seixas, 2004), principalmente no que concerne a violação de direitos humanos no sistema prisional e o abuso da força coercitiva estatal.- Catalogar os lugares de memória dentro do complexo do Parque da Juventude. O estudo visa a correlacionar os casos de crimes perpetrados por forças do Estado e pelo sistema judicial na Casa de Detenção ao apagamento da memória no Parque da Juventude no sentido de indicar ato deliberado por parte dos responsáveis pelo projeto e compreender como foi possível esse eventual apagamento da memória em termos burocráticos (leis, processos, editais, licitações, etc.). Além disso, a pesquisa procura investigar se há qualquer política pública aplicável que possa ser convocada no sentido de preservar a memória sem consideração da administração e/ou partido vigente quando da aprovação e execução de um projeto nos moldes do Parque da Juventude, e também averiguar como seria possível reverter o quadro atual e solidificar melhor o Parque da Juventude como lugar de memória dos grupos sociais ligados à história da Casa de Detenção e, quiçá, cristalizá-lo como símbolo de um sistema penitenciário falido que já foi superado (quando for, de fato, o caso, evidentemente).