A Voz tem um papel fundamental na comunicação e no relacionamento humano. Ela enriquece a transmissão da mensagem articulada, acrescentando à palavra o conteúdo emocional, a entoação, a expressividade, identificando o indivíduo tanto quanto sua fisionomia e impressões digitais. O professor é uma peça fundamental na mediação do ensino e aprendizagem, e sua principal ferramenta de trabalho é a voz. A Fonoaudiologia – ciência que estuda a comunicação humana em suas manifestações normais e patológicas – vem-se dedicando há algum tempo a análise vocal do professor, devido à grande importância que esse profissional exerce sobre a formação social, cultural e educacional dos indivíduos. O objetivo deste trabalho, portanto, é expor as principais dificuldades do professor na manutenção de uma voz saudável, devido a seu uso, geralmente intenso em jornadas excessivas de trabalho, demonstrando os reflexos que esta prática exerce em sua vida profissional e pessoal e, consequentemente, como a Fonoaudiologia poderá beneficiá-los na prevenção, manutenção e correção de possíveis alterações laríngeas. A presente pesquisa é de caráter quantitativo e transversal. A primeira etapa foi composta pela elaboração e aplicação de um questionário sobre alguns hábitos dos professores do Ensino Fundamental. O questionário foi aplicado em três escolas municipais situadas na Cidade de Caxias, no Estado do Maranhão, com o intuito de sensibilizar os docentes sobre a importância dos cuidados com a voz e incentivar a prática dos exercícios vocais preventivamente, como ação cotidiana dentro do processo de trabalho. Responderam ao questionário 20 docentes. Dentre os respondentes, 18 (90%) são do sexo Femenino e 02 (10%) do sexo Masculino. A média do tempo de docência dos participantes foi de mais de 16 (70%) anos. A grande maioria (70%) -14 pessoas- dos entrevistados trabalham em mais de uma escola. Já entre as horas lecionadas pelos professores houve um equilíbrio. 35% dos entrevistados (7 pessoas) lecionam entre 10 a 20 horas por semana; 35% dos entrevistados (7 pessoas) lecionam entre 30 e 40 horas. A prevalência de alterações vocais presentes está estatisticamente associada a características da organização do trabalho docente (atuar como professor há mais de 16 anos); características do ambiente de trabalho (não utilizar microfone, acústica inadequada, poeira); características de saúde geral (dificuldades para dormir, rinite/sinusite) e hábitos vocais no trabalho (falar alto e gritar durante as aulas). Acredita-se que este estudo poderá contribuir para o conhecimento do perfil vocal dos professores das escolas públicas. Por outro lado, também pode despertar no docente o quão importante é a voz e como uma alteração vocal traz prejuízos profissionais, sociais e psicológicos