Este trabalho apresenta resultado de investigação que teve por objetivo analisar a implementação da Lei 11.645/2008 nas escolas públicas de Minas Gerais enfatizando o ensino da temática indígena. O critério de inclusão que selecionou os sujeitos foi participar do curso de especialização no âmbito do projeto “Culturas e História dos Povos Indígenas” realizado no período de 2014 a 2015, por docentes da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. A coleta de dados foi realizada no primeiro dia do curso, antes de todas as atividades programadas, através de um questionário semiestruturado, com questões fechadas relacionadas ao levantamento do perfil dos participantes e questões abertas para conhecimento das representações dos professores sobre as populações indígenas. Participaram da pesquisa 123 dos 149 docentes inscritos no curso que teve como público alvo docentes professores em exercício da Educação Básica da rede pública municipal de ensino, provenientes dos municípios mineiros de de: Delta, Conceição das Alagoas, Planura, Pirajuba, Veríssimo, Uberaba. Os dados provenientes dos questionários foram submetidos à técnica de análise de conteúdo e categorizados em 3 unidades temáticas: 1) Povos indígenas e sua presença no Brasil; 2) Povos indígenas: identidades e culturas.; 3) Forma de abordagem da temática indígena nas escolas. Os resultados demonstram que os professores participantes da pesquisa reconheceram a importância de se incluir a temática indígena no currículo das escolas brasileiras. No entanto, foi possível observar a ocorrência de representações estereotipadas, historicamente construídas e naturalizadas que posicionam os povos indígenas em um passado estático e não como sujeitos atuantes no Brasil contemporâneo. Quando remetem a atualidade reproduzem a dicotomia entre “índios puros”, vivendo nas matas versus “índios contaminados pela civilização”. Observou-se ainda a generalização de certas práticas culturais ignorando a diversidade étnica que sempre existiu entre os povos indígenas. Quanto à forma de abordagem da temática nas escolas os docentes restringem-se a utilização do livro didático e às comemorações do ‘Dia do Índio’. Os resultados da investigação corroboram o entendimento de que a desconstrução gradual de preconceitos e estigmas para com as comunidades indígenas exige a formulação de estratégias de formação continuada, bem como a ampliação de espaços de debate e reflexão que fomentem o protagonismo de povos e lideranças indígenas neste processo.