Este trabalho apresenta como objetivo principal o resgate de heroínas negras na obra cordelista de Jarid Arraes, uma das vozes mais representativas da atualidade em prosa e verso em defesa e atenção à mulher e à questão racial. Partindo do marco zero da narrativa versejada, cruzando o advento da imprensa e chegando ao atual cordel brasileiro, este artigo mostra a estrutura do cordel e, na sequência, sua importância no processo ensino-aprendizagem afinado com a Lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino sobre a história e cultura afro-brasileira. Tendo como corpus de análise os cordéis de Jarid Arraes: “Luisa Mahin”, mãe do poeta Luís Gama e importante liderança na luta contra a escravidão brasileira, e “Dandara dos Palmares”, que narra a história de uma mulher negra, guerreira, na resistência contra o Brasil escravocrata, uma das lideranças no Quilombo dos Palmares e companheira de Zumbi. Nossa trajetória nos levou a busca de conhecimentos que possibilitasse a visibilidade da mulher negra em nossa sociedade, enquanto protagonista de uma história individual, mas, sobretudo social, heroínas por vezes esquecidas na história literária do Brasil. Dos achados, destacamos que as heroínas negras foram resgatadas no cordel, por uma mulher forte, corajosa e de identificação direta com a história afrodescendente do nosso País. Amalgamando tudo: cordel, ensino-aprendizagem, cultura e história afrodescendentes. Jarid Arraes é uma escritora contemporânea que expressa na poesia a voz da mulher negra, a ancestralidade, a luta contra o racismo e que discute gênero. Por fim, ressaltamos que o cordel pode ser utilizado de maneira positiva nas situações didático-pedagógicas relativas ao conteúdo da história e cultura afro-brasileira, sobretudo por ser construído de modo crítico, reflexivo, prazeroso, de fácil manuseio e assimilação do conteúdo na aquisição de conhecimentos, colaborando para o processo de ensino-aprendizagem. Esperamos contribuir para os debates acerca da heroína negra na literatura brasileira a partir do cordel, admitindo a importância feminina afro-descendente para a afirmação da identidade multicultural brasileira.