O objetivo deste artigo é compreender a escola com base nas ideias presentes no livro “A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino” de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron. Nessa obra, os autores demonstram como é possível identificar a escola como espaço de reprodução das desigualdades presentes na sociedade e de que forma isso é feito. Para os autores, as desigualdades que podem ser observadas dentro do espaço escolar, são as mesmas que estão postas em outros campos da sociedade, assim a escola não só reproduz essas desigualdades, como ajuda a produzi-las. Os agentes das diferentes frações de classe, fazem uso de estratégias que transformam a trajetória escolar em possibilidades de mudança ou manutenção da posição social que ocupam. Essa reprodução das desigualdades na escola se concretiza a partir da ação pedagógica. A ação pedagógica é o elemento que possibilita que os saberes legitimados pela cultura dominante sejam transmitidos aos agentes/estudantes, assim, a escola organiza suas práticas privilegiando um conhecimento que não é acessado por todos pois, diferentes frações de classe apresentam diferentes condições de acesso a determinados bens e saberes. Com o conceito de capital cultural, os autores denunciam uma diferença inicial entre os agentes ao entrar na escola. O capital cultural aproxima os agentes dos saberes escolares, com isso, alguns acabam tendo maior facilidade para responder as expectativas da escola do que outros. A partir dessa afirmação, buscamos propor uma discussão sobre como a escola, que propõe um ensino igualitário e homogêneo, torna-se um espaço de reprodução das desigualdades.