Situado no campo da história, das narrativas e da memória da educação, o presente texto discute o ingresso de sete crianças de origem africana, nascidas no Brasil, em processo de alfabetização em uma escola situada no bairro Montese, na cidade de Fortaleza-Ce. Objetivamos compreender sua inserção na escola, seu processo de alfabetização na leitura da palavra e nas mudanças de mundo, adaptação ao país e as novas culturas, destacando a importância da memória e das narrativas para a manutenção de sua cultura. A escolha da temática se justifica pela quantidade significativa de alunos que a Escola Municipal Vicente Fialho vem recebendo nos ultimos três anos e as mudanças da proposta curricular no município de Fortaleza, fazendo que as famílias passem a vivenciar e atuar no processo educacional de suas crianças, de forma mais efetiva e significativa para o seu processo de aprendizagem. É de grande relevância o compartilhar de informações e ideias, à medida que buscam investigar aspectos da cultura popular, da vida em comunidade, sublinhando ainda a identidade de um povo, ao atentar para seus costumes, religiosidade e tradições, enfim, nuances que dizem respeito à constituição social da memória que vêm sendo construída desde as crianças até os próprios adultos envolvidos na temática. Por essa razão nos questionamos: A história e a memória das crianças surgem a partir do seu processo de alfabetização? Trajetória de vida dessas famílias e os traços da sua vinda ao Brasil, o que levou as famílias a essa mudança? Análise de textos, desenhos e relatos orais como construção do conhecimento e sua identidade? Para responder aos questionamentos, fizemos uso da literatura especializada na temática, bem como entrevistamos as famílias Africanas, professores, coordenadores da escola supracitada. Concluímos preliminarmente que a adaptaçao e nova forma de vida e novas culturas tem proporcionado as seguintes famílias uma melhora substancial, comparado ao vivido e ao cenário atual de seu país de origem.