O presente trabalho tem o propósito de apresentar as reflexões das experiências teórico-práticas vivenciadas durante o curso de Especialização em Educação, Pobreza e Desigualdade Social, da Universidade Federal do Ceará. O Curso de Especialização teve a finalidade de provocar debates, reflexões e proposição de ações, sobretudo no que se refere aos processos de educação envolvendo sujeitos advindos de contextos de pobreza e extrema pobreza. Esse movimento de reflexão/ação partia de uma questão central, qual seja: que respostas a educação brasileira tem dado às vivências da pobreza que adentram as escolas públicas? Durante as reflexões teóricas e empíricas de uma turma interdisciplinar composta por professores, assistentes sociais, psicólogos, e gestores do programa bolsa família, evidenciou-se que precisamos avançar muito, não apenas no currículo, mas, também, na formação dos profissionais da educação e demais agentes de políticas públicas. Por meio das entrevistas com famílias do PBF e gestores educacionais, visualizou-se a existência de educadores com práticas desumanizadas e insensíveis diante dos coletivos empobrecidos, vistos como inferiores e incapazes, tanto em relação aos aspectos de aprendizagem, como na superação de suas vulnerabilidades. No dialogo sobre as experiências individuais e coletivas dos cursistas, empreendeu-se que em muitas escolas, os alunos mais pobres são vistos como carentes e inferiores em capacidades de esforço, aprendizagem e valores, o que os tornam responsáveis por sua condição de pobreza. Algumas reflexões coletivas surgiram no sentido de articulação dos currículos da rede pública, que deveriam ser repletos de conhecimentos das mais diversas áreas, assim como em dialogo com o contexto social do aluno, pois nessa perspectiva seria possível contestar o tradicional enfoque dado à pobreza, e compreendê-la como uma produção política, permeada por injustas relações de poder do sistema capitalista. Concluiu-se que a educação em direitos humanos pode exercer um papel fundamental no enfrentamento de violações de direitos, e se constitui como uma das exigências do nosso tempo, para que possamos ter uma formação humanizadora, e a promoção do fortalecimento do protagonismo nos processos de participação social, que deve ter a frente os coletivos empobrecidos, que por muito tempo estiveram ausentes dessa discussão.