O presente trabalho apresenta o projeto de pesquisa em andamento realizado no contexto de uma instituição de acolhimento do modelo Casa-Lar, localizada na cidade de Maceió-AL. O público alvo são seis crianças/adolescentes de ambos os sexos, com idades que variam entre 11 e 15 anos. A demanda para a realização da investigação surge em decorrência de uma audiência concentrada na qual os sujeitos foram indagados quanto a possibilidade de não serem adotados por famílias nucleares. Ou seja, foram perguntadas se, caso a família que os quisesse adotar não fosse constituída por um pai e/ou uma mãe, se em lugar desse modelo, fosse uma família com dois pais, ou duas mães, se ainda assim eles gostariam de ser adotados/as? Diante desse questionamento as crianças e adolescentes apresentaram-se perturbadas, mostravam-se inquietas. Questionaram como seriam essas outras famílias? Em face da experiência, emergiu o seguinte problema de pesquisa: Que concepções de família habitam o imaginário das crianças e dos adolescentes em serviço de acolhimento? Objetivamos, investigar a concepção de família que habita o imaginário das crianças e adolescentes residentes na Casa-Lar, na cidade de Maceió-AL. Por objetivos específicos: realizar um estudo teórico-bibliográfico acerca da concepção de família construída por crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional; analisar as produções das crianças e adolescentes acerca da temática “família” a partir das oficinas educativas; compreender a dinâmica institucional no processo de adoção, diante da diversidade de famílias na contemporaneidade. O trabalho se fundamentou no arcabouço metodológico da pesquisa-ação, que configura a ação interventiva a partir da identificação da demanda por ação ou das necessidades de mudança ou melhoria dos sujeitos envolvidos. Para preservar a identidade dos sujeitos, mas ao mesmo tempo demarcar a autoria das falas e produtos, cognominamos os sujeitos dessa investigação como S1, S2, S3, e assim sucessivamente. Os dados foram coletados através de oficina educativa, e para a realização da atividade, lançamos mão do procedimento de “desenhos de família com estória”. A partir do material produzido e dos registros das falas das crianças e dos adolescentes, apresentamos os seguintes resultados: Todas as crianças tomaram como referência na produção dos desenhos suas famílias de origem, representando tal qual seus membros. Enquanto falavam sobre seus desenhos e descreviam como eram suas famílias, foram construindo outras possibilidades, a partir de suas experiências cotidianas e foram elencando modelos de família identificados em seus ciclos de convivência. Os resultados parciais indicam, até esse momento, que a concepção de família que predomina entre as crianças da Casa-Lar é o modelo heteronormativo de suas referências familiares, mas reconhecem outros arranjos.