O presente trabalho constitui um relato de experiência descrevendo e analisando a atividade de pesquisa teórica, montagem, aplicação e análise da aula intitulada DA REPRESENTAÇÃO DO NAVIO NEGREIRO AO DISCURSO SOBRE A ESCRAVIDÃO E OS ESCRAVIZADOS, ministrada no 1º ano do Ensino Médio, como atividade avaliativa da Disciplina História do Ensino de História, do PROFHISTORIA (Mestrado Profissional em Ensino de História) da UFPE/UFRPE. Compreendido como o elemento móvel de ligação entre os lugares fixos do mundo atlântico (África, Europa e América) e, portanto, elemento fundamental no processo de escravidão racializada realizado nas Américas, o Navio Negreiro, constituiu o ponto de partida de nossa discussão sobre a construção de discursos de desumanização e subalternização da população negra que marcam os processos imbricados de colonização e colonialidade. Objetivando analisar e comparar diferentes representações do navio negreiro, relacionando-as ao lugar social de seus respectivos produtores e os diferentes discursos engendrados sobre a escravidão e os escravizados. E, de forma indireta, problematizar a linguagem como construtora da realidade e a questão da representação pelo viés das teorias pós-coloniais. Neste trabalho as representações selecionadas constituíram as fontes históricas para a busca de evidências e percepção de subjetividades carregadas por tais documentos. A proposta desenvolvida buscou sintonia com a análise cultural contemporânea que associa a discussão do racismo ao conceito de representação. A avaliação do trabalho foi realizada a partir da narrativa produzida e apresentada pelos alunos e gravada pela professora. São as reflexões produzidas a partir deste material que queremos socializar com outros(as) professores(as). Elas nos apontam o trabalho com biografias como caminho promissor para construção de novas e positivas representações do negro ao humanizar e empoderar figuras negras dos diferentes lados do processo escravista como Mahommah Baquaqua e Francisco Félix de Souza, o “Chachá”.