Ao analisarmos os conteúdos de Física nos currículos escolares do Ensino Médio, percebemos o distanciamento entre aquilo que se ensina e a realidade fora da sala de aula. Esse distanciamento entre os conteúdos presentes na escola e a vivência dos estudantes contribui para a estigmatização da Física como uma disciplina muito difícil, pois os saberes presentes na escola são desatualizados e carentes de significação. A excessiva matematização da Física em sala de aula também é um fator determinante para essa falta de significado, visto que esse procedimento não colabora com a aprendizagem de conceitos e não favorece os aspectos qualitativos do ensino de Física. Outro fator que contribui nesse sentido é a falta de experimentação na escola, seja por falta de estruturas de laboratórios, seja por falta de propostas que incorporem a experimentação como método de investigação, simulação ou, até mesmo, de verificação. Uma forma de dar significado a esses conteúdos é trabalhar de maneira contextualizada e interdisciplinar. Neste trabalho fizemos com 17 dos 120 alunos de uma escola estadual do RN a construção e lançamento de foguetes de garrafa PET, com o objetivo de despertar a curiosidade dos estudantes e a vontade de aprender, facilitar a troca de informações entre os estudantes, o que contribui com uma aprendizagem colaborativa, e favorecer a transposição didática de conteúdos, ou seja, a transformação do conhecimento científico em conhecimento estudado na sala de aula. Foram abordados conteúdos da 1ª série do Ensino Médio, como os relativos às Leis de Newton, centro de massa e centro de gravidade; estados físicos da matéria e suas propriedades, bem como os cálculos necessários ao lançamento. Iniciamos com uma exposição com apoio audiovisual, leituras, discussões, realização de exercícios de forma individual e em pequenos grupos e seminários. Ao mesmo tempo, os alunos construíram e lançaram foguetes feitos de garrafas PET. Percebeu-se que os alunos envolvidos nesta atividade tiveram maior participação nas aulas, com menos conversas paralelas e maior número de perguntas. Os lançamentos chamaram a atenção da comunidade escolar e muitos alunos que não puderam participar desse primeiro trabalho solicitaram a repetição do mesmo para que também pudessem se envolver.