O presente artigo trata de uma oficina de Jardinagem realizada no Centro de Referência de Educação Infantil Realengo – CREIR, do Colégio Pedro II – Rio de Janeiro, com duas turmas de 4 anos de idade, na qual, no decorrer de sua trajetória envolveu várias outras turmas bem como a comunidade escolar como um todo. O texto traz uma breve fala a respeito do conceito de ecosofia de Guattari, sendo este a mobilização de práticas sociais que se concretizam através de três registros ecológicos: ecologia social, ecologia mental e ecologia ambiental em um movimento que abrange não só a recomposição de práticas em grande escala, mas a recomposição de práxis em escalas individuais e coletivas. Passamos pelo direito da criança ao convívio com a natureza proporcionando experiências que combatam ao estado chamado por Tiriba de emparedamento: condução de um espaço fechado a outro. Apresenta-se possibilidades de atividades para potencializar o amor inato que as crianças têm pela vida ao ar livre em respeito à condição biofílica dos seres humanos. Refletimos sobre nossas práticas considerando a relação ser humano-natureza a partir dos dois modos de ser-no-mundo apresentados por Boff, percebendo nossa identidade com o modo ser-no-mundo-cuidado por acreditarmos na relação não de domínio do sujeito-objeto, mas uma relação de con-vivência, inter-ação e comunhão. Passeamos rapidamente pelos escritos de Nietzsche pensando na cultura autêntica em contraposição à cultura utilitária/pseudocultura, onde nesta última cumprindo as exigências do mercado e do trabalho a escola atende ao mercado e distancia-se da natureza, de seu conhecimento-contemplação. O trabalho realizado buscou discutir junto às crianças temas como: atenção com a natureza, reciclagem, sustentabilidade, plantio e conhecimento dos cuidados necessários com o meio ambiente e os seres vivos, além de explorar a riqueza do ambiente local, porém, com o desejo de que as crianças estivessem de fato envolvidas, em contato direto com esse seu meio: todo Campus Realengo. Esse ensaio pretende apresentar uma prática para a construção de sentidos e valores potencialmente transformadores das relações entre crianças/adultos-escola-mundo contribuindo para a construção de saberes articulados com os conhecimentos: cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico.