A educação em perspectiva inclusiva trouxe como consequência a contratação de professores para acompanhar os estudantes com deficiência nas salas de aula regulares. No entanto, as funções atribuídas ao segundo professor inserido na classe nem sempre são esclarecidas, promovendo a realização de duas aulas paralelas ocorrendo no mesmo espaço de sala de aula. Nesse direcionamento, o presente trabalho consiste em uma breve análise sobre o processo de contratação de um segundo professor para atuar nas salas de aula com alunos com deficiência inseridos, bem como uma sucinta reflexão de como a função docente pode ou não se objetivar no contexto da educação de perspectiva inclusiva. O método analítico fundamentou-se nos pressupostos da Psicologia Histórico-Cultural, utilizando os seguintes aspectos: 1) a análise do processo em substituição à análise do objeto; 2) a explicação do processo, superando sua mera descrição; e 3) a análise de comportamentos que, após um longo período de desenvolvimento histórico, se compreendem como petrificados ou fossilizados. À luz de tais pressupostos, constatou-se que a função docente sofre alterações para adaptar-se às necessidades advindas de uma concepção de ensino orientada para a inclusão, mas que nem sempre considera os aspectos necessários para o ensino na diversidade. Além disso, a atuação de um segundo professor na sala de aula vincula-se diretamente ao fato de que a formação docente ainda apresenta uma concepção homogeneizante do alunado. Conclui-se que na maioria das situações que envolvem dois professores na mesma turma, observa-se, de modo geral, uma lógica de submissão de um professor a outro, o que acarreta uma dupla situação de exclusão: a do segundo professor inserido na classe e a do aluno que apresente qualquer particularidade que o diferencie do restante da turma. Destaca-se a importância do planejamento coletivo e da sistematização de ações educativas para o atendimento às necessidades de todos os estudantes.