Nos últimos anos tem-se verificado mudanças significativas nas configurações familiares, considerando o contexto social, cultural e histórico. Percebem-se, também, modificações na maneira como pais e filhos se relacionam, principalmente no que se refere às questões de limite e de autoridade. Essas mudanças implicam em questionamentos sobre a forma como os pais devem se relacionar com seus filhos e geram interesses de vários pesquisadores sobre a influência das relações parentais no desenvolvimento da criança. Alguns estudos indicam que as relações parentais variam de acordo com o contexto histórico, cultural e social e provocam resultados diferentes nos comportamentos dos filhos. Outros estudos, considerando que a criança é um ser ativo, capaz de se posicionar criticamente diante de sua realidade, enfatizam a importância de se analisar o seu ponto de vista sobre o comportamento do adulto, mais especificamente sobre as práticas educativas dos seus pais. Diante do exposto questiona-se: o que as crianças de diferentes idades e classes sociais pensam e sentem sobre as práticas educa-tivas adotadas por seus pais? Quais as práticas educativas e os estilos parentais mais identificados pelas crianças, considerando-se diferentes idades e contextos sociais? O que as crianças de diferentes idades e classe sociais julgam ser fundamental nas relações parentais? Para elucidar essas questões está sendo realizada uma pesquisa com o objetivo de analisar o olhar das crianças, de diversas idades e de diferentes classes sociais, sobre as práticas educativas de seus pais. Os participantes são crianças com a faixa etária variando entre 6 a 12 anos, sendo 40 estudantes de escolas públicas e 40 de escolas privadas, da cidade de Campina Grande-PB. Atualmente, o estudo se encontra na fase de coleta de dados, a qual consiste na aplicação de uma entrevista semiestruturada e de técnicas projetivas. Os dados serão analisados com base na análise de conteúdo bardiniana e no software ALCESTE. Até o momento, os dados parciais da análise de conteúdo, indicam que não há uma diferença na análise das relações parentais, considerando a faixa etária e a classe social das crianças. Predomina a visão de que os pais são predominantemente autoritários e coercitivos. No entanto, as crianças afirmaram que o que mais gostam na relação com seus pais é o carinho, a atenção e o diálogo. Espera-se que os resultados venham contribuir com o aprofundamento e ampliação dos estudos que abordam as relações parentais, esclarecendo o ponto de vista das crianças sobre o tema, fornecendo meios para que os pais reflitam sobre a influência de suas práticas educativas no processo de formação de seus filhos, em diferentes idades e contextos sociais.