Este trabalho se propõe a analisar o uso da variação linguística nas aulas de língua portuguesa a partir do gênero placa informativa/anúncio. Serão observados, de modo específico, os propósitos comunicativos dos produtores dos textos analisados em relação aos eixos adequação e inadequação, com base em elementos da coerência textual, entre eles o conhecimento de mundo, as inferências, a contextualidade, a situacionalidade, a informatividade, a intencionalidade, além da relevância presentes nas placas. Além disso, nos preocuparemos em defender um ensino de língua portuguesa amplo e não restrito ao contexto de norma padrão como único modelo a ser seguido, com orientações de metodologias possíveis a serem adotadas no tratamento das variações linguísticas em sala de aula. Ao considerar que o estudante já possui um domínio da língua, uma gramática internalizada, quando chega à escola, cabe a esta instituição propiciar a ele o contato com as mais diversas variedades linguísticas, para além do ideal linguístico e do que se considera “certo” ou “errado”, a fim de desenvolver sua competência comunicativa. Permeado por essa orientação, este trabalho – oriundo das discussões na disciplina de Gramática, Variação e Ensino, do programa de mestrado profissional em Letras, Profletras, da UEPB, campus III, Guarabira – corresponde a uma pesquisa exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa e revisão bibliográfica nas análises das placas informativas/anúncios. Para tanto, nos embasaremos em teóricos que postulam um ensino de língua cujo foco seja o desenvolvimento da competência linguística do educando e, consequentemente, sua atuação como cidadão crítico na sociedade, com saberes que lhe possibilitem mobilizar o uso linguístico adequado nas diversas situações de interação verbal. Por isso, na análise das placas informativas/anúncios, serão destacados os diversos discursos que se formam em torno de realizações linguísticas que se desviam de algum modo da norma padrão ou culta de sua língua. Vê-se, assim, a importância de se colocar em diálogo textos de diferentes espécies, com diversos registros da língua, de contextos igualmente heterogêneos na sala de aula, como modo de proporcionar ao estudante a reflexão sobre os possíveis usos de sua língua para perceber que não se fala e escreve apenas de um jeito, pois há inúmeros fatores responsáveis por definir a variedade linguística empregada naquele momento.