Este artigo se resulta de um projeto de pesquisa de alunos do Instituto Federal do Rio Grande do Norte – Campus Ipanguaçu, voltado a análise das consequências do avanço do agronegócio no Vale do Açu para os pequenos e médios proprietários, camponeses e agricultores familiares que, impedidos por vários fatores de permanecer em suas terras, tiveram que se desfazer de suas propriedades, através da venda, sendo essas terras muitas vezes compradas por grandes empresas do agronegócio, tanto nacionais como multinacionais, especialmente nos municípios de Assu, Ipanguaçu e Itajá. O processo de expansão do agronegócio na região, especialmente após a inauguração da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves e a perenização do rio Piranhas – Açu, aumentou a concentração fundiária e ocasionou mudanças na realidade regional, provocando transformações na organização econômica e estruturais sociais, ambientais e culturais das cidades analisadas, a partir da implantação do novo modelo agrário na região. O projeto busca incentivar o ensino de História Regional e local a partir da pesquisa conjunta de alunos e professores do IFRN – Ipanguaçu, tendo assim como objetivo central, analisar as novas características que passaram a existir no Vale, dar voz aos expropriados, que por fatores sociais e/ou políticos passam despercebidos na produção historiográfica nacional, além de incentivar nos alunos a construção de conhecimentos acerca da realidade a que camponeses, pequenos proprietários e agricultores familiares passaram a enfrentar após se desfazer de suas terras ante o avanço do agronegócio na região. Como metodologia adotamos uma abordagem qualitativa, utilizamos pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e entrevistas semiestruturadas, cuja análise nos permite observar e compreender as consequências do avanço do agronegócio na região para os atores sociais locais, permitindo ainda que o produto dessas sejam utilizados como instrumento de uma educação voltada à análise de sua própria realidade em que os alunos estão inseridos, estimulando o conhecimento e o senso crítico a respeito das condições locais em que estão inseridos, além de contribuir com a produção historiográfica da História local e Regional.