A finalidade desse trabalho é apresentar experiências pedagógicas desenvolvidas no Colégio de Aplicação João XXIII, uma unidade acadêmica da Universidade Federal de Juiz de Fora, com turmas de primeiro ano do Ensino Fundamental. Essas práticas pedagógicas são alicerçadas pelas brincadeiras consideradas como fundamentais no processo de ensino e aprendizagem. E é a partir de situações onde a fantasia e a imaginação são centrais que as aprendizagens das crianças acontecem do modo mais prazeroso e significativo. Esta é uma das premissas do nosso trabalho pedagógico. Nesse artigo centraremos nossos olhares para a alfabetização matemática. Em relação a essa área de conhecimento, especificamente, nossa compreensão é a de que esta é uma linguagem e que, portanto, nosso papel enquanto mediadores no processo de aproximação entre o aluno e a Matemática precisa ser o de ampliar os modelos de comunicação na turma, mas também servindo como um modelo de um ‘nativo’ no uso dessa linguagem. Entendemos que a linguagem matemática é uma ferramenta fundamental para a leitura e interpretação da realidade não podendo ser vista como um conhecimento isolado e descontextualizado. No primeiro ano do Ensino Fundamental, sobretudo, a preocupação é muito maior com o significado do que com a construção do fato matemático em si. A partir destas premissas iniciamos um trabalho de construção de brinquedos com diferentes tipos de sucatas. Nós escolhemos trabalhar com a sucata industrializada que inclui todos os tipos de embalagens. O emprego da sucata envolve pesquisa e organização do material, possibilitando o seu uso através de múltiplas combinações e construções. Assim iniciamos nossa viagem com as sucatas tendo como foco principal o trabalho no eixo Espaço e Forma que, apesar de muitas vezes ser “esquecido”, secundarizado ou de aparecer somente na aprendizagem dos nomes das figuras e dos sólidos geométricos, é parte integrante de nossa vida, portanto, indispensável para que o aluno compreenda e represente de forma organizada a realidade na qual está inserido. E, já pensamos em entrar também no eixo grandezas e medidas com o conteúdo sistema monetário. Queríamos que a construção dos brinquedos fosse o fio condutor do trabalho, mas sobretudo queríamos trazer a reflexão de que podemos nos divertir sem comprar e que brincar aproxima e fortalece os laços afetivos. Com os rolos de papel higiênico, diversos tipos de caixas, garrafas, tampinhas, dentre outros, trabalhamos, inicialmente, com organização, separação, classificação e contagem. Ao final os alunos construíram brinquedos que foram trocados na lojinha. Concluímos que essas atividades deram sentido à aprendizagem dos alunos, situando o conhecimento matemático no contexto de sua aplicação, no contexto histórico de sua construção envolvendo a criança na construção do conhecimento. Acreditamos que esses recursos possibilitaram aos alunos a aprender, a pensar, a comunicar-se, a construir regras e habilidades que devem ser desenvolvidas em qualquer disciplina, mas sobretudo porque as atividades lúdicas são de grande importância para o aprendizado.