Introdução: O Semiárido baiano contém vasta diversidade de biomas que traduz-se em uma grande biodiversidade e reflete-se como flora rica, contendo espécies vegetais endêmicas ainda não estudadas pela perspectiva da fitoquímica. Assim, a descoberta de novas substâncias, nestas espécies tornou-se uma necessidade urgente à química verde, para a substituição das substâncias sintéticas que geram resíduos prejudiciais ao meio ambiente, como alguns coagulantes utilizados no processo de tratamento da água, a citar o sulfato de alumínio. Neste contexto, os taninos, substâncias orgânicas resultantes do metabolismo secundário vegetal, surgem como alternativa. Estas substâncias podem ser subdivididas em dois grandes grupos, hidrolisados e condensados que absorvem metais dissolvidos em água, aglutinando-os por precipitação no meio. Esta característica proporciona o uso como fonte de polímero catiônico natural. Deste modo, a utilização do tanino como fonte de polímero catiônico natural, alternativa como floculante no tratamento da água, surge em um cenário onde a aplicação dos principais agentes coagulantes, como o sulfato de alumínio, entra em questão, uma vez que o sulfato de alumínio ao reagir com a água libera alumínio residual, que fica concentrado nos lodos residuais do procedimento de coagulação, em uma das etapas do tratamento de água. Neste cenário, ao justapor à necessidade de preservar e descobrir novas substâncias do semiárido, tendo em vista novas aplicabilidade, juntamente com a forte tradição do uso de plantas medicinais por moradores desta região, buscar-se-á possíveis plantas medicinais que possuem taninos. Objetivo: A partir do catálogo de espécies medicinais existentes na região do Semiárido do Recôncavo baiano, já realizado pelo programa FitoEtnoBio, objetivou-se verificar as espécies com possíveis potencialidade para produção de polímeros catiônicos, através da detecção de taninos presentes nas mesmas. Metodologia: Após seleção das 15 espécies mais utilizadas para fins medicinais, dentre as 90 contidas do banco de dados do FitoEtnoBio, fez-se levantamento bibliográfico sobre o nome científico e presenta, ou não, de taninos em sua composição química. Em seguida, fez-se a análise qualitativa das espécies citadas por meio do método de cloreto férrico. Por fim, cruzou-se os dados encontrados na literatura com os resultados obtidos na análise qualitativa. Resultados e Discussão: Das 15 espécies citadas utilizadas para dor abdominal, prisão de ventre, má digestão, inflamação, 12 apresentaram algum tipo de tanino como metabolito secundário. Das 15 plantas pesquisadas, 13 foram submetidas à análise de taninos. Os extratos foram submetidos ao teste de cloreto férrico para verificar a presença de taninos. A observância de taninos nessas espécies, corrobora com a indicação do uso medicinal das mesmas nas comunidades pesquisadas. Conclusões: A presença de taninos, em 80% das espécies investigadas torna-as promissoras no tratamento de água. O presente trabalho pode contribuir para a valorização do conhecimento popular uma vez que, a confirmação de taninos nessas espécies corrobora com a indicação do uso medicinal nas comunidades tradicionais.