Esse trabalho teve como objetivo avaliar in vitro a influencia do manejo do fogo na capacidade de síntese de enzimas lipolíticas por cepas de actinobactérias de região semiárida brasileira. As cepas de actinobactérias foram isoladas de amostras de solo coletadas na profundidade de 0-20cm antes e depois de tratamento com fogo controlado na Fazenda Normal (5º07’12,1” S e 39º10’33,3” W), localizada no município de Quixeramobim, Estado do Ceará. A região apresenta clima Tropical Quente Semiárido com pluviosidade média anual de 600 - 800 mm, concentrada nos meses de fevereiro a abril e temperatura média anual de 26ºC a 42ºC (IPECE, 2015). Foram selecionadas 30 cepas de actinobactérias, sendo 15 oriundas de amostras de solo coletadas antes do tratamento com fogo.Para avaliação da atividade lipolítica as cepas de actinobactérias foram inoculadas em forma de spots e em quadruplicata em placas de Petri contendo meio de cultivo suplementado com Tween 80 conforme descrito por Sierra (1957). As placas foram incubadas em B.O.D. a 28°C durante 10 dias. Após este ínterim a formação de um halo difuso ao redor da colônia foi observada. A determinação do índice enzimático (IE) foi realizada através da relação entre o diâmetro do halo de hidrólise (Dh) e o diâmetro do halo da colônia (Dc) utilizando-se a seguinte equação: IE= Dh/Dc (FLORÊNCIO et al., 2012). A medição foi realizada em milímetros (mm) com auxílio de um paquímetro digital.Para verificar se houve diferença entre a atividade lipolítica das cepas de actinobactérias antes e após o tratamento com fogo, as médias dos índices enzimáticos de cada cepa foram submetidas ao teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Das 30 cepas de actinobactérias avaliadas quanto à capacidade de produzir e secretar enzimas lipolíticas, 28 (93,3%) apresentaram a produção de lipase.Em áreas antes de queimadas há presença de serapilheira, mesmo que de forma reduzida, depositada sobre o solo em diferentes estágios de decomposição, representando uma forma de entrada e incremento da matéria orgânica no solo. Contudo, a presença do fogo reduz não apenas a quantidade de material orgânico no solo, como altera fatores físicos e químicos afetando também a dinâmica das populações microbianas.Quanto à produção de lipase as cepas foram classificadas conforme SILVA et al. (2015a) (Figura 3). Em ambos os tratamentos nove (60%) cepas foram classificadas como moderadamente produtoras, apresentando IEs entre 1,5 e 2. Apesar do maior valor de IE ter sido registrado na cepa QB59 (pós-fogo), cinco (33,3%) cepas do período antes do fogo foram classificadas como fortemente produtoras (IE>2), entretanto nenhuma das cepas do período pós-fogo foi identificada como fracamente produtora (IE