Este texto tem como principal objetivo analisar elementos históricos e contemporâneos das determinações estruturais e das condições de acesso à água dos povos indígenas no nordeste brasileiro. Tem como ponto de partida, a realidade empírica dos autores, nativos da aldeia Bem Querer de Cima, onde atuaram durante a juventude e vida adulta, como profissionais da saúde e da educação, bem como, a partir da formação acadêmica atuam como pesquisadores da questão ambiental e indígena. A maior parte do povo indígena Pankararu vive na TI - Terra Indígena demarcada, Homologada/Registrada pelo Decreto 94.603 de 14/07/1987, localizada na região entre as cidades de Jatobá, Petrolândia e Tacaratu, no sertão Pernambucano com uma extensão de 7.750 hectares na região Pankararu “Entre Serras” e 8.100 hectares do território Pankararu. A metodologia envolve a análise da trajetória real dos autores associada ao estudo bibliográfico. Essa metodologia possibilitou reflexões sobre as condições históricas de acesso à terra e à água vivida pelos povos indígenas na realidade sertaneja do nordeste brasileiro. Consideramos que a interlocução entre políticas energéticas e realidade hídrica no Brasil atinge de forma peculiar e contraditória na vida do povo ribeirinho, e de forma especial, o povo que passou por processos de remoção compulsória na construção de usinas hidrelétricas como ocorreu na década de 1980 como foi o caso dos grupos étnicos indígenas da região citada. Dessa forma, este artigo propõe analisar as principais dificuldades do povo indígena que vive tão próximo do Rio São Francisco no que se refere ao acesso à água. Analisa também, as mudanças ocorridas nos últimos 20 anos e seus impactos positivos para o processo de produção e reprodução da vida indígena no sertão nordestino.