A crise global do paradigma de desenvolvimento compromete o futuro da política de desenvolvimento territorial no Brasil. Como alternativa de desenvolvimento, o desenvolvimento territorial é refém de premissas (verdades) constitutivas do mesmo paradigma que está em crise. Um futuro relevante para a política territorial pode emergir de uma reorientação paradigmática inspirada em premissas geradas por uma alternativa ao desenvolvimento, radicalmente distintas das que são constitutivas do paradigma em crise. No contexto das rupturas e emergências paradigmáticas em curso, que transformam simultânea e qualitativamente as relações de produção e poder, modos de vida e cultura, dominantes na época histórica do industrialismo, surgiu na Região Andina e está em construção o paradigma do Bem Viver, como alternativa ao desenvolvimento em crise. A hipótese exploratória, inspiradora dessa investigação, é a de que, no caso da política territorial do Brasil, a simultaneidade existente da crise do paradigma ocidental de desenvolvimento, por um lado, e da ascensão do paradigma do Bem Viver, que emerge como alternativa ao paradigma de desenvolvimento, por outro lado, revela que ambos os processos são partes do mesmo fenômeno, uma mudança de época histórica, exigindo a urgente e relevante construção de um giro paradigmático crítico: do desenvolvimento territorial sustentável à sustentabilidade do Bem Viver territorial. A finalidade dessa investigação é identificar, articular e propor um conjunto de premissas ontológicas, epistemológicas, metodológicas e axiológicas para contribuir a essa transição paradigmática principalmente no Nordeste do Brasil. Isso significa contribuir à construção do Bem Viver territorial, que se expressa na construção de comunidades felizes com modos de vida sustentáveis. Além da pesquisa bibliográfica sobre a crise do paradigma de desenvolvimento e sobre a emergência do paradigma do Bem Viver, a investigação de campo busca evidências empíricas de presença de ambos, a crise do desenvolvimento e a emergência do Bem Viver, em quatro (04) territórios rurais (de identidade) do Nordeste brasileiro, dois dos quais na Zona da Mata e Agreste, e os outros dois no Semiárido, a saber: Na Paraíba, os territórios Zona da Mata Norte e Cariri Ocidental; no Rio Grande do Norte, o território Agreste Litoral Sul (Terrasul); em Pernambuco, o território do Sertão do Pajeú.