Introdução: No Brasil os benzodiazepínicos configuram a terceira classe de drogas mais prescritas no Brasil (NORDON et al 2009). Entre os motivos geradores deste fato estão prescrições errôneas e prolongadas por parte dos profissionais e o aumento indiscriminado da dose pelo próprio paciente, motivado principalmente pela dependência psicológica que a droga causa. Sendo necessário reduzir a prescrição e consequente dispensação desses medicamentos na rede de saúde pública, mantendo apenas as indicações para o tratamento agudo e subagudo de ansiedade, insônia e crises convulsivas, ambas para tratamento a curto prazo, o objetivo deste trabalho é apresentar o matriciamento realizado pelo Núcleo de Apoio à Práticas Integrativas (NAPI) Recife para profissionais da ESF do sobre o uso de PIC na elaboração de estratégias de desmames de benzodiazepínicos, com o intuito de instrumentalizar profissionais com técnicas pautadas nos saberes de algumas PICs. Metodologia: O projeto teve início a partir da intenção de uma médica em realizar uma palestra sobre Fitoterápicos e uso racional de plantas medicinais. Ao se discutir acerca desta demanda e o objetivo da palestra a médica revelou a preocupação com a grande prescrição de benzodiazepínicos. Com isso a coordenação do NAPI propôs uma formação mais prolongada com o intuito de instrumentalizar não apenas a médica ou os usuários, mas que pudesse alcançar outros profissionais da rede visto que todos são corresponsáveis pelo cuidado. Deste modo, foram realizadas 5 reuniões para planejar um curso em caráter de matriciamento direcionado aos profissionais acerca do uso de algumas práticas integrativas que pudessem reverberar no cuidado com as pessoas acometidas pelos distúrbios de ansiedade. Elegemos três práticas para participar do matriciamento: yoga, fitoterapia, e bioenergética. Estas práticas foram escolhidas por seu núcleo de ênfase terapêutica. A yoga como uma prática corporal, a bioenergética com ênfase nos aspectos psicoemocionais e a fitoterapia com caráter mais pedagógico. Cada terapeuta elaborou uma apostila com conteúdo teórico/prático para que pudesse servir de orientação para os profissionais da AB. Resultados e Discussão: Os terapeutas das PIC construíram um plano de aula e um cronograma e realizaram as oficina teórico/práticas com os profissionais da AB que puderam se instrumentalizar com as contribuições das PIC para no sentido de orientação da prática com usuários que fazem uso de benzodiazepínicos. Conclusões: O matriciamento em práticas integrativas aparece como uma alternativa e uma inovação no campo da saúde e da gestão do trabalho no momento em que possibilita a reflexão da práxis terapêutica e amplia a capacidade de compreensão dos profissionais da AB acerca do sofrimento mental. Estas práticas, por estarem ancoradas em pressupostos do desenvolvimento do vínculo terapêutico, pelo uso de tecnologias leves, por ser contra-hegemônica e fomentar a autonomia do sujeito, se afina com os princípios que norteiam a atenção básica e possibilitam a ampliação do cuidado em saúde.