Os ACS são considerados como sujeitos nucleares das ações da atenção básica, uma vez que
conhecem as demandas e as vivências trazidas pela comunidade, potencializando o estabelecimento
de relações mais próximas com os usuários do SUS. No entanto as ações desses atores no campo da
prevenção e promoção da saúde são despotencializadas devido à desvalorização do seu trabalho por
parte dos demais membros da equipe, pouca inserção na equipe, pouca escuta e apoio da equipe
para o fortalecimento das praticas destes profissionais e também pela excessiva burocratização do
trabalho, que reduz o seu potencial criativo (MACIAZEKI-GOMES et al.,2016; BORNSTEIN et
al.,2014). Entretanto, devido ao histórico de luta para a inserção das praticas de Educação Popular
em Saúde no município de Recife, atrelado ao fortalecimento da pratica educadora do ACS é
possível observar experiências em que os ACSs desempenham um importante papel para o
desenvolvimento e articulação de ações no campo da Educação Popular em Saúde e Práticas
Integrativas e Complementares. O objetivo desse trabalho é descrever o papel do Agente
Comunitário de saúde na experiência de uso racional de plantas medicinais na atenção básica em
uma USF da cidade de Recife. O pontapé inicial das ações foi realizado a partir de atividade de
matriciamento do uso racional de plantas medicinais, ministrado por profissional fitoterapêuta. A
formação ocorreu em oito oficinas, divididas por ciclos temáticos, incluindo os ACS e os
comunitários. As oficinas foram constituídas de atividades teóricas e praticas. Os desdobramentos a
partir das oficinas foram desenvolvidos pelos ACS da unidade. Dentre estes estão a participação em
curso de formação sobre hortas comunitárias, a construção da horta comunitária no bairro, a
construção da horta na USF, a articulação com equipamentos sociais do bairro (escola) para uso da
horta comunitária como campo de pratica, a constante troca de experiências para o uso racional de
plantas medicinais no cuidado à saúde no território, a mobilização dos comunitários para cuidado e
manutenção da horta, o estímulo a produção de mudas como atividade de complementação de
renda, por parte dos comunitários. Dito isso conclui-se que ao ACSs possuem um papel
fundamental no resgate do uso ancestral de plantas para os cuidados em saúde no território e na
orientação quanto ao uso racional dessas plantas.