Os últimos anos do século XX contempla a aceleração da globalização e da comunicação virtual. A internet, criada em 1969, e a WWW (World Wide Web) são acessadas por milhões de pessoas, expandindo-se a comunicação virtual através dos gêneros emergentes nas variadas midias eletrônicas, sendo o computador e o celular ferramenta presente na comunicação cotidiana de crianças/jovens/adultos/idosos, sinalizando a necessidade de incluir a informática na educação formal/informal. Inseridas nesse contexto de gêneros emergentes ou linguagens das mídias eletrônicas, os sujeitos pesquisados, as idosas, sabem ler, estão inseridas no letramento autônomo, porém não sabem muito significar práticas sociohistóricas no mundo instrumental e no mundo da vida, ao usarem os gêneros com função sociocomunitativa de resolução de problemas cotidianos e de comunicação com filhos/netos/amigos através do whatsapp, enviando mensagens escritas/orais e anexando-lhes fotos/áudios/vídeos. A escola, pautada no letramento autônomo voltado ao uso da escrita independente do contexto, desconsidera a interação dos sujeitos com esses textos apesar de ser a principal agência de letramento. Isso contribui com o fato de se negligenciar o compromisso do profissional da educação, pois é preciso que seja capaz de, estando no mundo, saber-se nele. Saber estar no mundo com as idosas, sujeitos de nossa pesquisa em andamento, é interagir com elas através do Whatsapp, atentando para as suas necessidades e dificuldades de comunicação com filhos/netos/amigos distantes. Desatenta a isso, a escola descarta o saber popular das idosas, alunas do projeto de extensão “Práticas de Letramentos de Pessoas Idosas no Cotidiano: Traçando Letras, Esculpindo Textos” da Universidade Estadual da Paraíba, o qual funciona uma vez por semana no Clube de Mães do bairro Cruzeiro, nesta cidade, ministrando aulas informais com vistas à inclusão delas no letramento digital. O presente trabalho, em fase embrionária, busca relatar e discutir uma experiência com duas idosas, - idosa 1 e idosa 2 (doravante I1 e I2) - desta pesquisa qualitativa de base etnográfica entrevistadas quanto ao uso do celular e ao seu objetivo de uso. Apoiamo-nos nas teorias do letramento autônomo e dos multiletramentos, enfocando no letramento digital e na terceira característica do hipertexto - multissemiose (agregação da linguagem verbal/não verbal num mesmo espaço). Os dados embrionários mostraram que as idosas usam o Whatsapp para resolução de problemas e para comunicação com filhos/netos/amigos distantes geograficamente, tornando seu mundo virtual mais próximo do que o real e que têm algumas dificuldades de agregar a linguagem verbal/não verbal no momento em que precisam usar os ícones, pois desconhecem os significados deles e finalidade, tendo também dificuldade de enviar mensagem de texto, preferindo o Whatsapp uma vez que é mais fácil. Ainda foi constatado que as duas idosas necessitaram de ajuda de parentes para se comunicarem melhor os quais deram explicações informais o que sinaliza a importância da educação informal.