Este trabalho objetiva relatar uma experiência de extensão universitária realizada em um assentamento rural constituído pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Assentamento Pequeno Richard, que se localiza em Catolé de Boa Vista, Campina Grande - PB. O objetivo principal do projeto é de fortalecer e fomentar espaços de escuta, questionamento e problematização da realidade de assentados e militantes do MST. A proposta fundamenta-se na Psicologia Social Comunitária e na Educação Popular e se desenvolve através de visitas domiciliares e oficinas psicopedagógicas realizadas com as crianças e os adolescentes assentados. As visitas objetivam fortalecer o vínculo com a comunidade, além da obtenção de informações sobre o assentamento e a problematização da realidade dos assentados. Caracterizam-se como espaço de escuta, reflexão e diálogo entre saberes. As oficinas, por sua vez, prezam pelo estímulo ao senso crítico, à criatividade, ao gosto pela leitura e ao protagonismo social. Nas oficinas, recorre-se a várias linguagens artísticas, como os exercícios e os jogos do Teatro do Oprimido propostos por Augusto Boal, e às estratégias de leitura. Essas oficinas são planejadas a partir de temas escolhidos pelos próprios participantes, propostos nas oficinas especificamente elaboradas para esse fim. Com o intuito de apresentar o modo como as oficinas são realizadas, relataremos três oficinas: uma com o subgrupo I, formado de crianças com idades entre quatro e seis anos, e cujo tema foi “sentimentos/medo”; outra com o subgrupo II, faixa etária de sete a dez anos, com o tema “família”, e outra com o subgrupo III, formado de adolescentes com idades de 11 a 14 anos, e cujo tema foi “mágica”. Essa prática tem contribuído para posturas mais críticas e participativas, ao estimular os assentados a ressignificarem o mundo e a protagonizarem mudanças, e para a construção de um “fazer” profissional comprometido ético-politicamente.