O presente trabalho tem como objetivo compreender como a loucura se transformou em doença mental. Ao analisar a arqueologia das categorizações da loucura historicamente, é verificado que tais identificações são projeções de temas culturais em determinados contextos sociais e históricos, que culminou com a constituição da “doença mental”. De tal modo, percebe-se que antes de ser classificada dessa forma, a loucura já havia sido retratada como imposição divina, ilusão/erro relativo à percepção do mundo, na Antiguidade, e como possessão demoníaca na Idade Média, quando foi iniciado o seu afastamento, com a “Nau dos Loucos”. Nesse sentido, verificaremos como foi o processo que possibilitou que o discurso psiquiátrico legitimasse a loucura como doença, levando-a ao domínio científico, fazendo do louco o seu objeto. Com a Reforma Psiquiátrica houve a transformação do pensamento acerca do sofrimento psíquico, que passa a ter como foco o sujeito e não mais a “doença”. Entretanto, os discursos que contribuíram para a constituição da “doença mental” representam desafios e impasses aos paradigmas reformistas.