Tanto a obesidade quanto o sobrepeso estão diretamente relacionados a outras doenças não transmissíveis, essas geralmente associadas aos altos índices de mortalidade, como doenças osteoarticulares e osteoporose. A prática de atividade física pode desempenhar um importante preditor de ganho ósseo, principalmente nessa fase próxima ao pico de velocidade de crescimento, visto que esses ganhos podem vir a ser um fator de proteção para doenças ósseas na vida adulta. Sendo as artes marciais uma prática alternativa de exercício físico que pode contribuir para esses benefícios. Com isso, o objetivo deste trabalho foi analisar o efeito de 16 semanas de treinamento de Muay Thai sobre a densidade mineral óssea de adolescentes com sobrepeso/obesidade. A amostra consiste em 21 adolescentes com sobrepeso/obesidade com idade entre 10 e 17 anos (12,67±2,00), sendo nove meninas e 12 meninos. A obesidade foi atestada de acordo com o índice de massa corporal (IMC) e a gordura corporal (GC). Foram realizadas medidas antropométricas de peso e estatura para o cálculo do IMC. Foram mensuradas a densidade mineral óssea (DMO) total, de braços, pernas, tronco, pelve e coluna, bem como a gordura corporal (%) por meio da Absorciometria Raios-X de Dupla Energia modelo GE Lunar-DPX-NT. Na intervenção foi ministrado o treinamento do Muay Thai que teve a duração de 16 semanas, sendo quatro semanas destinadas a adaptação/familiarização. Era realizado três vezes na semana, sendo em dias não consecutivos por uma hora e meia. Cada sessão era dividida em 30 minutos de exercícios gerais, como aquecimento e alongamento físico, 40 minutos de exercícios específicos da modalidade como chutes, socos, esquivas, defesas, joelhadas e cotoveladas, e 20 minutos de simulação de luta e/ou atividades lúdicas que desenvolvessem os fundamentos da modalidade. A intensidade foi mantida de moderada a alta, sendo controlada por meio da escala de percepção subjetiva do esforço. Para o tratamento estatístico foi calculado o delta percentual (Δ%), realizado o teste de normalidade Shapiro-Wilks e o teste t pareado, utilizando o pacote SPSS versão 13.0, no qual a significância adotada foi de 5%. Após 16 semanas da intervenção de Muay Thai houve aumentos na DMO dos adolescentes de acordo com o Δ% de DMO de braços Δ%=2,25±9,11 (p-valor=0,387); DMO de pernas Δ%=0,53±3,40 (p-valor=0,576); DMO de pelve Δ%=3,27±8,56 (p-valor=0,162); DMO de tronco Δ%=1,81±6,35 (p-valor=0,363), DMO de coluna Δ%=0,11±10,52 (p-valor=0,708); e DMO total Δ%=0,85±4,11 (p-valor=0,475), entretanto esses aumentos não foram estatisticamente significativos. Apesar dos aumentos na DMO de adolescentes, com excesso de peso, submetidos ao treinamento de Muay Thai não ter sido significativo, destaca-se a relevância clínica que esse aumento pode causar. Sugere-se a futuros estudos maior tempo de intervenção com essa modalidade de lutas de impacto. Apoio: CAPES.