Os debates em torno da formação inicial em educação física parecem ter se intensificado nas duas últimas décadas. Em que pesem os recentes reordenamentos legais, a produção acadêmica tem analisado o impacto de diferentes arquiteturas curriculares dos cursos de graduação em educação física sobre a identidade profissional e os saberes docentes. Nesse sentido, a presente pesquisa versa sobre a implementação do circo como componente curricular na formação inicial em educação física em diferentes Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras. Foi empregado o método documental e a análise de conteúdo categorial temática no tratamento dos resultados. No intuito de identificar possíveis cursos de graduação em educação física que abordassem o circo como componente curricular, realizou-se nos meses de Outubro e Novembro de 2016, um mapeamento através de pesquisa em sítios eletrônicos de IES que disponibilizavam a matriz curricular e/ou o projeto pedagógico dos seus cursos, totalizando 31 instituições. Feito este levantamento, contatou-se via email os coordenadores dos cursos solicitando, em caso de aceite, o envio dos planos de ensino. Foram obtidos seis documentos e algumas justificativas da não inserção do circo na matriz curricular. Os documentos coletados são provenientes de IES públicas e privadas localizadas em diferentes regiões brasileiras, sendo quatro no Estado de São Paulo, uma em Minas Gerais e uma no Mato Grosso do Sul. Na maioria dos programas das disciplinas pesquisadas, constatou-se a predominância dos conteúdos ligados à manipulação de objetos, equilíbrio sobre objetos, acrobacias e encenação (palhaço). Outro aspecto que chamou atenção foi a presença da construção artesanal de malabares como estratégia metodológica, fomentando a valorização desta prática, além da utilização de vídeos como referencial. Em contrapartida, a vivência de modalidades aéreas, como o tecido acrobático, a lira e o trapézio, por exemplo, não foi proposta em algumas IES, algo previsível se considerarmos as dificuldades inerentes à instalação destes aparelhos e dos aspectos de segurança. Identificou-se também a possibilidade da participação dos discentes no processo pedagógico, contribuindo na elaboração e avaliação das atividades planejadas. Quanto aos instrumentos e indicadores avaliativos destacaram-se além da participação, as avaliações conceituais e composição de trabalhos em grupo que articulassem os conteúdos aprendidos durante o semestre. Ressalta-se que apesar do pioneirismo destas propostas, ao ampliarem os diálogos com o campo da arte, parece cauteloso apontar a fragilidade ainda presente nos esforços acadêmicos. Contudo, os resultados permitem afirmar que o “silenciamento” destes conhecimentos na formação inicial está sendo revisitado, visando a dialogar de forma mais franca com os componentes artísticos e expressivos da cultura corporal, tensionando e produzindo novos significados para o circo.